PMA gasta muito na área da Saúde, mas gasta errado

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Algo em torno de 60% dos moradores de Araucária não estariam satisfeitos com a saúde pública da cidade. O dado foi repassado pelo próprio prefeito Olizandro José Ferreira (PMDB) durante reunião com coordenadores de postinhos de saúde, realizada na terça-feira, 20 de janeiro, no salão nobre da Prefeitura. Conforme o prefeito, o índice teria sido apurado numa pesquisa de opinião encomendada por ele recentemente para avaliar a gestão.

O encontro em que Olizandro repassou essa informação não fora marcado para discutir esses dados e sim para a entrega de equipamentos de informática para os postos de saúde. No entanto, não deixa de ser importante analisar as razões que fazem com que a saúde oferecida pela Prefeitura esteja sendo tão mal avaliada pela população.

É fato que, em todo o país, a área da saúde sempre é uma pedra no sapato dos governos, seja ele municipal, estadual ou federal. Mas não é aceitável que o índice de insatisfação fique na casa dos 60% numa cidade como Araucária, com um orçamento privilegiado e com uma rede de atenção ao usuário tão extensa.

Para se ter uma ideia do volume de recursos despejados anualmente pelos impostos dos contribuintes na Secretaria Municipal de Saúde de Araucária, só para 2015, o orçamento da área está estimado em 162.859.240,00. Considerando a população do Município, estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é de 131.356 pessoas, é como se investíssemos anualmente R$ 1.239,83 por habitante. O valor per capita é muito maior do que o de muitas cidades da região e, talvez, um dos maiores do país. Curitiba, para se ter uma ideia, investe algo em torno de R$ 820 por morador. E, mesmo investindo menos, a insatisfação dos curitibanos é de 38%, conforme mostrou pesquisa divulgada no início de janeiro pelo Instituto Paraná Pesquisa. Ou seja, bem menor do que do araucariense.

Nossa reportagem também fez o mesmo comparativo entre renda e população com outras cidades do entorno. Algumas bem menores, como Contenda. Lá o investimento anual per capita em saúde é de R$ 472, praticamente um terço do que aplica Araucária. No caso de Fazenda Rio Grande, o valor por morador é menor ainda: R$ 312. No caso de São José dos Pinhais, cuja economia é tão pujante como a nossa, a destinação per capita é R$ 845, maior do que a apurada em Curitiba, mas praticamente R$ 400 inferior à nossa.

O GROSSO DOS RECURSOS VAI PARA PAGAR PESSOAL

A maior parte dos vultuosos quase R$ 163 milhões gastos anualmente pela Secretaria de Saúde vai para o pagamento dos seus funcionários. Conforme consta na lei orçamentária anual da Prefeitura de 2015, onde estão descritos como o Município gastará o que arrecada, R$ 91,6 milhões de tudo o que cai nos cofres da pasta é gasto com o salário de servidores como médicos, corpo de enfermagem, pessoal administrativo e terceirizados. Outros R$ 37 milhões são destinados à manutenção do Hospital Municipal de Araucária (HMA), R$ 22 milhões na manutenção da estrutura administrativa do órgão, R$ 5,3 milhões na compra de medicamentos e o restante em outras ações menores.

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POSTINHOS GANHAM COMPUTADORES

Olizandro observa Rogério falar durante reunião
Olizandro observa Rogério falar durante reunião

A reunião em que Olizandro comentou sobre os índices de desaprovação da saúde de Araucária foi convocada para realizar a entrega simbólica de equipamentos de informática que irão melhorar as condições de trabalho nas unidades básicas de saúde.

Ao todo foram comprados 463 unidades de trabalho, equipadas com um computador e uma impressora. Esses equipamentos devem facilitar a informatização dos postinhos para receber um novo sistema de gerenciamento da rede de saúde do Município. O software estaria sendo adquirido pela Prefeitura, mas ainda não tem data para entrar em funcionamento, muito embora o secretário de Saúde, Rogério Kampa, diga que será no segundo semestre.

Além dos equipamentos para a administração dos postinhos, também foi anunciada na terça a compra de 35 impressoras e vinte computadores configurados com programas específicos para as salas de vacinas das unidades de saúde.

Texto: Waldiclei Barboza / Fotos: Everson Santos / Victor Amaral

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