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Polícia Civil de Araucária deflagra operação Araras e desarticula organização criminosa

Os minimercados eram abertos em nome de “laranjas”, em Curitiba e região metropolitana. Foto: divulgação
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Polícia Civil de Araucária deflagra operação Araras e desarticula organização criminosa
Os minimercados eram abertos em nome de “laranjas”, em Curitiba e região metropolitana. Foto: divulgação

A Polícia Civil de Araucária deflagrou, durante toda a terça-feira (06/09), a operação Araras, que desarticulou uma organização criminosa que aplicava golpes em fornecedores de produtos de supermercados. A organização era liderada por indivíduos que abriam minimercados na periferia de Curitiba e Região Metropolitana. O chefe da quadrilha abria os minimercados, contas correntes e comprava veículos, tudo em nome de “laranjas”, que recebiam determinada quantia em valores para cederem seus nomes. No jargão policial, tais minimercados são conhecidos como “araras”.

Após abrirem os mercados, o líder colocava duas pessoas de confiança para fazer a gestão e captação de valores dos estabelecimentos. Esses dois indivíduos atuavam como gerentes dos mercados e colocavam outras duas pessoas, as executoras, que entravam em contato com fornecedores dos produtos que seriam colocados à venda nas prateleiras dos minimercados.

Os golpes

Após abrir os minimercados em nome de “laranjas”, o líder da organização contratava funcionários, locava o prédio onde funcionaria o estabelecimento, ligava luz e água e abria o mercado, que operava normalmente.

Após um tempo, os executores entravam em contato com fornecedores dos produtos que seriam colocados à venda no mercado. Os produtos ficavam nas prateleiras e os fornecedores emitiam uma fatura, através de boleto bancário, para que o mercado pagasse em 30 ou 60 dias.

Mas os gestores (gerentes) não pagavam os boletos, colocavam os produtos por valores bem abaixo do valor de mercado, arrecadavam o que vendiam durante 30, 60 ou até 120 dias, fechavam as portas do mercado do dia para noite e deixavam fornecedores, funcionários e locadores à ver navios. Ou seja, arrecadavam o que podiam e não pagavam os fornecedores dos produtos vendidos, além de também darem o calote no locador do prédio onde funcionava o minimercado e nos funcionários que trabalhavam para o mesmo (açougueiro, caixas e outros).

Segundo o delegado Tiago Wladyka, responsável pela operação e investigações, estima-se que o prejuízo supera a faixa de dois milhões de reais.

A organização

A organização criminosa tinha uma cadeia de comando, onde havia um líder, dois gestores que respondiam a essa pessoa, dois executores que respondiam aos gerentes e “laranjas”, que forneciam seus nomes para abertura de empresas (os minimercados), contas correntes, financiamentos bancários e compra de veículos.

Os papéis dos envolvidos eram os seguintes: o líder, que além de comandar a organização, dando ordens, escolhia onde abriria os minimercados, contratava funcionários, recebia os pagamentos, fazia a divisão dos lucros, locava os locais onde iriam operar os minimercados e realizava e as operações financeiras, tudo em nome dos laranjas; os gestores faziam a arrecadação dos valores das vendas, repassavam tais valores para o líder da organização, faziam a gestão do mercado, eventuais pagamentos para funcionários, pagamentos de contas de luz, água, etc., e supervisionavam a entrada e saída dos produtos; os executores entravam em contato com os fornecedores, faziam a captação dos produtos que seriam colocados à venda no mercado (os produtos eram escolhidos pelo líder e pelos gestores) e recebiam os produtos para a venda; e os “laranjas”, que cediam seus nomes para abertura de contas correntes, compra de veículos, abertura de empresas e financiamentos bancários. Recebiam para fornecerem seus nomes.

As investigações

As investigações iniciaram-se em Araucária, quando os golpistas procuraram uma vendedora de suplementos alimentares e compraram cerca de R$ 10.000,00 em produtos na loja, que fica no centro de Araucária, para pagamento em 30 dias.

Passado esse período, como o boleto não foi pago, a vendedora começou a entrar em contato com os gerentes do mercado, que ficava em São José dos Pinhais. Após um tempo, a proprietária foi bloqueada em um aplicativo de mensagens, então foi até o mercado e este não estava mais operando.

A vítima procurou a Delegacia de Araucária e registrou um boletim de ocorrência. O delegado Tiago Wladyka instaurou inquérito policial e determinou à equipe de investigação da delegacia para que iniciassem uma investigação, onde foram identificados outros fornecedores, que também foram vítimas do mesmo golpe.

A Polícia Civil de Araucária, durante as investigações, também identificou outros quatro minimercados abertos pela organização em São José dos Pinhais (Planta São Marcos), Sítio Cercado, Colombo e Almirante Tamandaré. Três mercados foram fechados durante as investigações, mas como não havia integrantes da quadrilha nesses locais, não foi possível a prisão.

Após a DP Araucária identificar os integrantes da organização e os mercados, o delegado Wladyka representou ao Judiciário e Ministério Público pedidos de mandados de busca e apreensão e prisões e, durante toda a terça-feira, foi desencadeada a operação Araras, onde foram presas sete pessoas, fechado o último mercado em Almirante Tamandaré e cumprido 10 mandados de busca e apreensão.

As investigações serão concluídas no prazo máximo de 10 dias e os presos ficarão à disposição da justiça.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1282 – 07/10/2021