A Delegacia de Araucária já instaurou inquérito para investigar as causas do acidente ocorrido na tarde de quarta-feira, 22 de setembro, no Km165 da Rodovia do Xisto, entre as cidades de Araucária e Contenda, onde três pessoas morreram. Testemunhas estão sendo ouvidas e a Polícia Civil aguarda a conclusão dos laudos da perícia. O motorista do caminhão bitrem que provocou o engavetamento, ainda não foi ouvido. Segundo a Delegacia, ele é morador do estado do Rio Grande do Sul e através de mensagens via WhatsApp, informou que iria entrar em contato com a DP ainda hoje (quarta-feira), mas até o fechamento desta edição, não havia retornado. “Estamos tendo dificuldades em estabelecer contato, porque o número de telefone que ele repassou é só para Whatsapp e ele não está retornando nossas mensagens”, explicou a DP.
Ao contrário do motorista, uma das vítimas que sobreviveu ao acidente e teve alta hospitalar, prestou depoimento nesta quarta-feira, dia 29. Conforme a polícia, é uma testemunha que disse ter presenciado o motorista em velocidade acima da permitida e fazendo manobras perigosas. A testemunha também relatou que chegou a pegar a placa do caminhão com a intenção de denunciar para a Polícia Rodoviária Federal, e iria fazer isso ao chegar no seu destino, porém não deu tempo.
Especialistas analisam o acidente
O acidente foi causado por um caminhão bitrem, cujas investigações preliminares apontam que ele teria cochilado ao volante. Ele não conseguiu frear, causando o engavetamento que atingiu os veículos parados, por conta de obras na pista. Ainda de acordo com as informações que estão sendo analisadas pela Polícia, este mesmo condutor teria compartilhado a pista com outros motoristas momentos antes do acidente, que disseram ter presenciado ele cometendo algumas infrações de trânsito. A Delegacia de Araucária, inclusive, pede a esses motoristas que compareçam para prestar depoimento e contribuir com as investigações.
Analisando as condições em que o acidente ocorreu, Valdilson Aparecido Lopes, professor Me. do curso de Gestão do Trânsito e Mobilidade Urbana da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança do Centro Universitário Internacional Uninter e Membro Certificado do Observatório Nacional de Segurança Viária, afirma que quando avistamos uma placa de regulamentação com a sua respectiva velocidade identificada, devemos entender que é a velocidade máxima permitida pela via na qual estamos transitando. “Não quer dizer que eu deva transitar nessa velocidade e sim de acordo com a segurança, pois isso requer conhecimento sobre o local, condições da via, veículo e a carga que estou transportado. O código de trânsito deixa bem claro sobre a velocidade máxima e a mínima permitida para cada via, cabendo ao condutor habilitado ter o conhecimento sobre a legislação. A velocidade máxima permitida nem sempre é a velocidade segura e devemos entender isso, pois o bom senso indica que a velocidade do veículo seja compatível com todos elementos do trânsito, principalmente com as condições adversas entre elas o condutor, passageiro, iluminação, tempo, veículo, cargas, obras na pista, vias e trânsito”, analisa.
O professor lembra ainda que as sinalizações viárias de regulamentação, advertência e indicação tem por finalidade informar os usuários sobre as proibições, obrigações, condições ou restrições com mensagens imperativas e o seu desrespeito constitui infração de acordo com o código de trânsito brasileiro. “Devemos ter em mente, que andar abaixo da velocidade mínima ou acima da máxima permitida colocará a sua vida e de terceiros em risco. Infelizmente na última semana, três pessoas perderam a vida em um grave acidente na Rodovia do Xisto, e lembramos que não foram apenas três pessoas e sim três famílias impactadas pela violência no trânsito. Nesse momento, podemos atribuir vários fatores e pensarmos se a sinalização estava coerente ao espaço, se a fiscalização eletrônica está adequadamente sinalizada e operante, também como está a saúde física e mental dos condutores profissionais que exercem atividade remunerada, bem como o exame toxicológico em dia e os cursos de atualização de transporte de cargas, também a velocidade em que todos trafegavam, mas é claro que isso quem vai constatar é a perícia técnica”, argumentou.
O coronel da reserva e consultor Amaury Vieira, que também estuda o trânsito brasileiro, comentou que acidentes gravíssimos, como a tragédia ocorrida na BR 476, à luz do dia, em linha reta, normalmente ocorrem por três motivos: falha mecânica, falha humana ou sinalização deficiente. Não analisei a situação porque estava fora da região, mas fui informado imediatamente pela equipe do Conseg Araucária e digo, de coração, que ficamos tristes, imaginando a dor das famílias das vítimas. Esperamos que as autoridades competentes consigam investigar se houve imprudência, imperícia ou negligência, para apurar responsabilidades e servir de exemplo para que casos assim não mais aconteçam em nossa cidade”, lamentou.
Publicado na edição 1281 – 30/09/2021