Preços absurdo das carnes obriga famílias a excluir a proteína do cardápio

Donas de casa estão cortando a carne das refeições porque o preço está muito salgado. Foto: divulgação
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Preços absurdo das carnes obriga famílias a excluir a proteína do cardápio
Donas de casa estão cortando a carne das refeições porque o preço está muito salgado. Foto: divulgação

Ter uma refeição onde a carne vermelha seja a protagonista na mesa, virou artigo de luxo para muitas famílias. O preço da carne tem subido tanto, que para muitos brasileiros não teve jeito: a proteína precisou ser substituída. Num cenário ainda pior, se a alternativa escolhida for o frango, os ovos ou a carne de porco, fica quase na mesma, pois esses alimentos também subiram muito acima da estimativa para a inflação, que atualmente aponta para 5,8%. Segundo o Dieese, no acumulado de 12 meses, a alta chega a 35,21%.

Dentro da nova realidade do país, os churrascos tiveram que ser repensados, e ao invés daquela picanha, que hoje custa em média R$ 60 o kg, ou a alcatra, cerca de R$ 39, a opção é partir para o filé, em torno de R$ 35 o KG, ou o frango (coxa e sobre coxa) por aproximadamente R$ 9 (na promoção) ou ainda optar pelo famoso pão com linguiça (R$ 16 a R$18). Mas brincadeiras à parte, se já era difícil para uma família de baixa renda, com cinco ou mais pessoas, incluir a carne na refeição, agora então, ficou praticamente impossível.

É o que relata a dona de casa Ana Paula Lima Haskel, moradora do jardim Itaipu, que tem uma família de três pessoas. “Os preços estão lá em cima, se não bastasse o arroz, feijão e o óleo subindo sem parar, o preço da carne tornou inviável incluí-la no cardápio todos os dias. Aqui em casa carne só uma ou duas vezes por semana, e olha lá. A gente se vira, acaba substituindo a mistura por verduras, legumes, ovos. Não temos muito o que fazer, porque os alimentos sobem demais, e os salários não acompanham”, reclamou.

Só no ovo e na salsicha

Heloiza de Jesus Cândido, mora no jardim São Sebastião. A situação dela é ainda mais crítica. Separada do marido e com 10 filhos para sustentar, com idades entre 4 a 21 anos, ela conta que a carne não faz mais parte das refeições da família. “A gente só tem comido ovo e salsicha, o dinheiro não dá pra comprar carne. Eu trabalho como diarista, e minhas diárias caíram muito com a pandemia, quando recebo, vira em nada. Meus filhos mais velhos trabalham, mas os salários também são baixos e eles pouco conseguem ajudar. A verdade é que os pobres estão sofrendo muito, porque além da carne estar muito cara, tudo o resto vem subindo sem parar. Sobre água, sobe aluz, sobe gás de cozinha, sobem os alimentos da cesta básica, não sei onde iremos parar. Não sei o que será dos meus filhos no futuro, se a situação continuar desse jeito”, lamentou a diarista.

Da mesma forma a dona de casa Ângela de Souza Lima, que mora no bairro Estação e tem quatro pessoas na família, disse que a sensação de ir ao supermercado é de que o seu salário está ficando todo lá. “Cada dia mais caro. Os itens mais caros para mim são o arroz, o açúcar, o óleo e agora o café, que disparou o preço. Em casa a gente come carne vermelha duas vezes na semana, nos outros dias intercalo com frango ou carne de porco, e assim vamos variando o cardápio e se virando”, comentou.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1277 – 02/09/2021

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