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Professor Rafael de Jesus: Quem matou Getúlio Vargas? Os 70 anos da morte do presidente que mudou a história do Brasil

Professor Rafael de Jesus: Quem matou Getúlio Vargas? Os 70 anos da morte do presidente que mudou a história do Brasil
Foto: Divulgação

Madrugada do dia 24 de agosto de 1954, um tiro no peito à queima roupa do velho Colt 32 ceifou a vida do maior político da história do Brasil.

O quarto do presidente da república, no Palácio do Catete, antiga sede do executivo federal, no Rio de Janeiro, se tornou cenário de uma tragédia nacional. Aos 72 anos, o gaúcho de São Borja, Getúlio Dornelles Vargas, saiu da vida para entrar para a História.

Para tornar a situação ainda mais dramática, uma carta-testamento, supostamente deixada pelo próprio Vargas, denunciava aqueles que conspiravam contra ele e o povo. Na carta Getúlio se apresentava como um mártir que sempre lutou em nome dos interesses nacionais e dos menos favorecidos.

Noticiada às 9h30 da manhã em caráter extraordinário, pelo mais importante noticiário radiofônico do país, o Repórter Esso, a morte do velho presidente pegou a todos de surpresa. Logo em seguida foi lida a carta-testamento, um dos documentos mais emblemáticos da história do Brasil.

Da comoção inicial, se seguiu à revolta de muitos. Jornais de oposição foram atacados e muitos dos seus opositores tiveram que se refugiar longe dos olhos da turba enfurecida.

O velório do velho caudilho se converteu num dos episódios mais marcantes da história nacional. O meu falecido pai não cansava de contar como o seu tio Zico, pai da professora Noemi Gotfrid, avô dos professores Luciano, Lucivana e Luciana, chorava copiosamente, alternando entre momentos de tristeza e indignação.

Vargas foi presidente do Brasil por mais de 18 anos. Sendo que na primeira vez assumiu a presidência como líder de um golpe de Estado que ficou conhecido como Revolução de 1930.

Se valendo de muitas artimanhas conseguiu se manter presidente até 1945. É esse o período da História do Brasil conhecido como Era Vargas, 1930-1945.

Apeado do poder em 1945, por outro golpe de Estado levado a cabo pelos mesmos que o apoiaram em 1930, acabou se tornando senador pelo Rio Grande do Sul entre 1946-1950.

O presidente eleito no pleito de 1945, com o apoio de um Vargas contrariado, foi o pouco carismático general Eurico Gaspar Dutra, No período do seu mandato (1946-1950), por conta da Guerra Fria que se iniciava, Dutra se aproximou dos Estados Unidos, e acabou abrindo a economia brasileira às importações, gerando desemprego e queda das reservas cambiais.

Nas eleições de 1950, Getúlio se apresentou como candidato. Com uma plataforma baseada no nacionalismo, prometia industrialização e geração de empregos. Como costumava dizer, voltou ao Catete nos braços do povo.

Assumiu em 1951 e não teve descanso até o dia em que cometeu suicídio. Os tempos eram outros, marcados pela Guerra Fria, onde o nacionalismo e o trabalhismo varguista eram vistos com desconfiança pelos governantes estadunidenses e pelos setores mais conservadores do país.

A gota d’água foi a criação da Petrobrás em 1953, que feriu fundo os interesses yankees e dos seus aliados internos.

Atacado dia e noite por boa parte dos grandes meios de comunicação, viu alguns dos seus mais próximos aliados envolvidos num verdadeiro mar de lama.

A cereja no bolo foi a terrível ideia, surgida entre os colaboradores do presidente, de assassinar seu mais importante opositor, Carlos Lacerda, líder da poderosa UDN. O atentado da rua Toneleros foi um desastre. Carlos Lacerda sobreviveu, mas o major da aeronáutica Rubens Vaz acabou sendo morto. A própria aeronáutica investigou o caso chegando aos executores e ao seu mandante, Gregório Fortunato, chefe da segurança de Vargas.

Alguns dos seus aliados foram presos e oficiais das forças armadas passaram a exigir a renúncia de Getúlio, que garantia: “Se tentarem tomar o Catete, terão de passar sobre o meu cadáver. Na madrugada do dia 24 cumpriu a promessa e adiou o Golpe Militar em dez anos.

Imagem: Familiares e amigos no enterro de Getúlio Vargas, São Borja, 1954.

Edição n.º 1430.

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