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Professor Rafael Jesus: Araucária, terra dos imigrantes

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Foi a criação da colônia Thomaz Coelho e o seu relativo sucesso o fator decisivo para a atração de outros grupos de imigrantes. Novas colônias foram criadas em Araucária, como a Colônia Barão de Taunay em 1886 (atual bairro Costeira), que além dos poloneses contava com imigrantes italianos.

Desde antes de 1886 já havia italianos vivendo em Araucária. De fácil integração aos moradores brasileiros, os italianos se dedicaram ao comércio, à indústria e à agricultura. Ficou famosa a história de João Esperandio que, em 1893, montou uma serraria em Campo Redondo, ajudando assim a atrair outras famílias italianas para o município, que com o tempo passaram a viver em localidades espalhadas por todo nosso território, como Espigão Alto, Campina da Barra, Estação, Lagoa Grande, Centro, entre outras.

Atraídos pela abertura de novas oportunidades de negócios, em 1889 um pequeno grupo de judeus poloneses se estabeleceu em Thomaz Coelho, intermediando a venda dos produtos agrícolas produzidos pelos colonos. Muitos fugiam da perseguição religiosa que sofriam no velho mundo. Com o tempo, foram se mudando para Curitiba e outros centros urbanos.

Poucos anos depois, em 1895, reimigrantes ucranianos vindos de São José dos Pinhais se estabeleceram nas localidades de Ipiranga e Guajuvira, convertendo-se no segundo maior grupo imigratório em Araucária em termos numéricos, perdendo apenas para os poloneses. Eram cristãos ortodoxos e ainda hoje muitos dos seus descendentes mantêm suas tradições nas festas religiosas. Porém, ontem e hoje, em alguns casos, seus descendentes são confundidos com imigrantes de outras nacionalidades por conta da situação da Ucrânia a época da imigração, que se encontrava sob o domínio dos Impérios Austríaco e Russo. Como os primeiros ucranianos que aqui se estabeleceram eram da Galícia, domínio do antigo Império Austro-Húngaro, foram considerados austríacos. Por serem eslavos, às vezes são confundidos com os Poloneses.

No início do século XX novas levas de imigrantes portugueses chegaram em Araucária, atraídos por novas oportunidades econômicas na indústria, comércio e prestação de serviços. Alguns voltaram para Portugal enquanto outros chegavam ao Brasil fugindo das tensões políticas vividas na Europa. Com a implantação do Estado Novo (1937-1945) por Getúlio Vargas, findava-se a política de atração de imigrantes europeus inaugurada no tempo do Império. O Brasil e consequentemente Araucária já era um caldeirão de culturas e ideologias, solidariedades e conflitos.

Para tornar tudo muito mais interessante, os encontros entre os jovens apaixonados, descendentes de diferentes nacionalidades, produziram álbuns de fotografias cada vez mais multiculturais.

Contavam alguns moradores antigos de Araucária que alguns pais, de algumas nacionalidades, resistiram como puderam aos casamentos entre seus filhos e filhas e os filhos e filhas descendentes de outras nacionalidades.  Mas o tempo, o convívio escolar, as festas e o amor logrou esses pais. Por outro lado, outros pais já foram bem mais solidários, apoiando os casamentos, tornando assim a vida dos jovens casais bem mais tranquila e feliz.

De repente sobrenomes de diferentes regiões do mundo foram se combinando nas certidões de nascimento das crianças. Descendentes de árabes e portugueses, alemães e poloneses, italianos e japoneses, passaram a compartilhar a mesma biografia, os mesmos sonhos, preocupações e realizações.

As crianças agora tinham cabelos, olhos, pele e jeito de falar diferentes daqueles dos seus avós. Uma mesma criança poderia participar de festas e comemorações de diferentes culturas, onde tios, com costumes de diferentes países, comandavam a festa de forma tão diversa que era preciso aprender a se comportar de acordo com cada ocasião e cultura.

Edição n.º 1384