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Professor Rafael Jesus: Os primeiros Luso-Brasileiros

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Você sabia que a cena pintada logo acima pode ter ocorrido em Araucária e que pode ter acontecido mais de uma vez? Talvez você esteja se perguntando: Como assim? Que história é essa?

Pois bem, hoje vamos conversar sobre como os primeiros colonizadores luso-brasileiros chegaram em Araucária e como isso impactou a vida dos povos indígenas que aqui viviam.

Para início de conversa observe com muita atenção o quadro do francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848). Observe o lugar, as plantas, as mulheres e crianças indígenas capturadas, os soldados, suas armas e trajes. Observe que os soldados não são europeus brancos, nem negros, estão descalços. Em termos étnicos, as quais matrizes pertencem esses soldados?

Atualmente, a grande maioria dos pesquisadores acredita que os primeiros europeus a passarem pelo território de Araucária eram liderados pelo conquistador espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca (1488/1492-1558/1560).

Nomeado governador da província do Rio da Prata e do Paraguai, Cabeza de Vaca desembarcou na Ilha de Santa Catarina, hoje Florianópolis, com 250 homens e 26 cavalos, iniciando assim uma jornada repleta de aventuras até Assunção, atual capital do Paraguai. Utilizando-se do lendário caminho de Peabiru, por volta de 1541 sua expedição cruzou os campos de Tindiquera assustando os Tinguis, principalmente com a visão dos cavalos.

Contudo, foi com a fundação da vila de São Paulo de Piratininga, em 1554 pelos Jesuítas, que as coisas se tornam mais difíceis para os nativos de Tindiquera. Os Paulistas, como eram chamados naquele tempo, ou Bandeirantes, como são mais conhecidos atualmente, procuravam remédios para a sua pobreza nos sertões do que hoje chamamos de Brasil. E os remédios para a sua pobreza, pensavam os paulistas, eram pedras preciosas (como diamantes, rubis e esmeraldas) metais nobres (como ouro e prata) e indígenas para escravizarem.

Foi nas proximidades de Paranaguá, que significa Grande Mar Redondo em tupi-guarani, que foi encontrado o primeiro ouro do Brasil, dando início ao povoamento do território do atual estado do Paraná. Por volta de 1550 a ilha de Cotinga passou a ser um ponto de referência para a prospecção aurífera.

“As atividades até então ali exercidas eram praticamente nômades, e foi somente com a notícia do descobrimento de ouro nos ribeiros da baía de Paranaguá, que para aí se dirigiu grande número de habitantes vindos de Cananeia, S. Vicente, Santos, S. Paulo e até do Rio de Janeiro, atraídos pelo alvoroço levantado com o descobrimento de ouro na baía de Paranaguá. (WACHOWICZ, 2016, p. 54-55).”

Em 1646 é erigido o pelourinho de Paranaguá, sendo que em 1648 é fundada a Vila de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá, sendo nomeado Gabriel de Lara capitão povoador e fundador de Paranaguá, cidade mais antiga do Paraná.

O ouro era pouco, por isso alguns povoadores resolveram subir a serra em busca do precioso metal. Em “1646, o capitão povoador Gabriel de Lara havia descoberto cinco ribeiros que continham ouro de lavagem” nos Campos de Curitiba (ARAUCÁRIA, 2010, v. 5, p. 13). Em 1654 Eleodoro Ébano Pereira comandou a expedição que deu origem ao primeiro povoado da região dos Campos de Curitiba. Em 1668 Gabriel de Lara ergueu o pelourinho do povoado que passou a se chamar Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, atual Curitiba. No mesmo ano, Domingos Roiz da Cunha e sua família solicitam a Gabriel de Lara uma Sesmaria na região que hoje conhecemos como Araucária, mas que na época era conhecida como Tindiquera e que fazia parte da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.

Com os passar dos anos outros povoadores foram atraídos para a região de Tindiquera. Eram sesmeiros que estavam interessados na posse da terra e na exploração do trabalho escravo, especialmente dos indígenas que aqui viviam ou que para aqui eram trazidos à força. Acontece que parte desses povoadores eram mestiços, caboclos, ou seja, uma mistura de brancos com indígenas. De certa forma eram descendentes de determinados povos indígenas escravizando outros povos indígenas.

Era uma vida difícil, contando apenas com uma picada que ligava Tindiquera ao centro da Vila de Curitiba. Eram pobres e estavam desiludidos com as pretensões de enriquecimento fácil por meio da exploração aurífera. Precisavam desesperadamente de uma saída.

Edição n.º 1378