Coluna | Quando a vida é partilhada!

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A busca pelo poder, pelo domínio, em ser maior do que o outro para mandar, se impor, sempre fez parte da raça humana. Assim foi com o império romano, ávido por elevar suas posses, massacrando os povos e impondo sobre eles fardos pesados, impostos, visando somente e unicamente o seu bem estar. E, pasmem vocês, não foi diferente com os apóstolos, que buscavam no seguimento a Jesus, uma série de privilégios, bem claros na voz de João e Tiago. Eles se aproximam do Mestre porque ‘queriam’ que eles lhes desse a garantia de um lugar a sua esquerda e outro a sua direita. Isso causa uma enorme revolta nos demais dez, que, com certeza, almejavam a mesma coisa.

Essa atitude dos doze decepciona o Mestre, porque claramente demonstra a sua cegueira diante daquilo que ele lhes propõe. É momento de ajuda-los a pensar, a entender a lógica do Reino de Deus, onde o maior não é aquele que manda e que domina e que se impõe sobre os outros, mas, aquele que serve. Porque, diz Jesus, ‘o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos’. Se Ele, sendo Mestre e Senhor nos ensina a servir, o que devemos fazer nós então, seus seguidores? Naturalmente, fazer da vida um serviço, uma entrega, uma doação em prol dos irmãos. Essa é a grande e nobre missão, mas, convenhamos, ela é muito difícil e exigente. Por natureza, tendemos a mandar, a querer impor e estar acima dos outros. O seguimento a Jesus exige uma verdadeira conversão e mudança de vida. Não um poder que domina, mas, que serve e se doa.

Para Jesus, não existe a lógica do patrão e do escravo, daquele que domina e do outro que é dominado, de quem manda e de quem obedece. Para ele, somos todos irmãos, e, estamos no mundo para colocar em ação o verbo amar, que, se traduz em serviço alegre, livre e desinteressado. Somos todos iguais e merecemos o devido respeito, não pelo cargo que exercemos e pelo poder que nos foi conferido, mas, simplesmente porque somos seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus. Ninguém é maior do que ninguém, e, ninguém é inferior a ninguém. A busca pelos primeiros lugares está fora da ótica apresentada pelo projeto de Jesus, que, define como ‘grandes’, como os primeiros no Reino de Deus, aqueles que são os últimos, ou seja, aqueles que servem de modo espontâneo e gratuito.

Jesus nunca obrigou ninguém a segui-lo, nunca impôs medo ou culpa, mas, ele simplesmente amou e o seu amor se traduziu em serviço, em doação, em sacrifício, em entrega aos mais pobres e necessitados. Na mesma direção do Mestre, precisamos aprender a fazer da nossa vida uma doação, um servir qualificado e alegre. Na própria Igreja, precisamos entender que o cargo que exercemos não nos torna maiores ou melhores do que os outros, mas, simplesmente, servidores uns dos outros. Ele nos pede prontidão para nos gastarmos, para colocarmos o nosso melhor, a nossa energia, a serviço do irmão, sobretudo, daquele mais carente, frágil e necessitado.

O papa Francisco convoca na Igreja um sínodo sobre ‘sinodalidade’, ou seja, tempo de escuta e de caminharmos juntos. Um verdadeiro desafio para esses tempos modernos, tão ‘poluído’ pelo egoísmo, individualismo e pela indiferença. Escutar significa, no fundo, estar atento às necessidades do outro, ir ao seu encontro, estar pronto a descer do seu pedestal, tantas vezes, feito de orgulho e arrogância. E, com humildade, aprender com outro, e, se preciso for, mudar para melhor servir, a exemplo do Mestre Jesus.

Publicado na edição 1283 -14/10/2021

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