Passados 56 dias desde que o Município de Araucária confirmou o primeiro caso positivo do novo coronavírus, a cidade alcançou nesta quarta-feira, 24 de junho, 313 pacientes diagnosticados com a doença.
Entre terça-feira (23) e quarta o Município também registrou o maior número de casos confirmados de Covid num intervalo de 24 horas. Foram 34 pessoas. Esta semana a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) também alcançou o número de 1000 moradores submetidos aos exames de sangue (sorológico) ou o RT-PCR para identificação da doença.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, eram 1.118 pessoas testadas, sendo que destas 313 positivaram para doença e 677 negativaram. Outras 128 coletas ainda aguardavam divulgação do resultado quando do fechamento desta matéria. Os números permitem constatar que dos pacientes com algum tipo de síndrome gripal, cujos sintomas pudessem indicar a presença do novo coronavírus, 28% tiveram essa confirmação. Outros 60% foram descartados e 12% ainda estão esperando o processamento de sua coleta.
Dados do Ministério da Saúde, inclusive, colocam Araucária em nono lugar no ranking do coronavírus no Estado, sendo que quando se leva em conta a proporção de casos para cada 100 mil habitantes, ficamos à frente até de Curitiba, município com o maior número de casos acumulados. Se, por um lado, esse número de positivados preocupa, por outro, ele também é fruto da opção do Município de testar o maior número de pessoas possível. Tanto é que nos últimos dias a Secretaria Municipal de Saúde reviu seus protocolos e passou a testar todos os moradores com síndromes gripais leves. Antes somente aquelas pessoas que manifestavam um agravamento desses sintomas eram submetidas aos testes. Araucária também tem outro diferencial: o tamanho do polo industrial e os protocolos internos de segurança de cada empresa, que – por conta – estão submetendo seus funcionários a testes rápidos, o que também ajuda a aumentar o número de positivados. A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), por exemplo, fez isso recentemente, o que acabou colaborando muito com o número de moradores locais com COVID. Boa parte deles, porém, quando constatado o contato com o vírus já foi considerado recuperado. Isso acontece porque, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estamos diante de um vírus que deve infectar mais da metade da população mundial, muito embora a grande maioria dessas sequer vai manifestar sintomas da doença.
O aumento substancial de casos positivos não é “privilégio” de Araucária. Todo o Paraná, que num primeiro momento viu a doença avançar num ritmo lento, agora se obriga a redobrar os cuidados, já que boa parte dos leitos de UTI que atendem os paranaenses estão ocupados com vítimas da COVID.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SESA), o cenário do momento é resultado de um relaxamento da população com as medidas de isolamento social. Tanto é que na última semana o Governo do Estado se obrigou a – novamente – chamar as prefeituras para conversar e articular medidas restritivas para funcionamento do comércio e circulação de pessoas.
Em Araucária não foi diferente e nesta segunda-feira (22) Araucária editou um novo decreto, restringindo o horário de funcionamento de uma série de atividades comerciais, até serviços reconhecidamente essenciais como supermercados foram alcançados. O Parque Cachoeira, principal área de lazer da cidade, foi novamente fechado. A venda de bebidas alcóolicas foi proibida após às 21h. As restrições valerão pelos próximos quatorze dias, mas podem ser prorrogadas caso não haja uma diminuição substancial na ocupação de leitos de UTI nos hospitais que atendem a região metropolitana.
Conforme o secretário de Saúde, Carlos Andrade, a situação de momento exige um pouco de sacrifício de toda a população. “Sabemos que o comerciante, que o cidadão já vem contribuindo bastante nessa briga, mas será preciso que todos nos sacrifiquemos um pouco mais, pois só assim poderemos passar por essa crise”, pontuou.
Texto: Waldiclei Barboza
Publicado na edição 1218 – 25/06/2020