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A imagem que Jesus nos apresenta, quando envia os doze apóstolos em missão, é de movimento. A palavra ‘ide’ significa exatamente isso: sair de si mesmo, se mexer, ir ao encontro do outro, para levar a paz e a esperança. Para, através da nossa presença amiga, fraterna, calorosa, expulsar do outro todo tipo de maldade. Jesus claramente apresenta um projeto de vida, de cura, de libertação, onde todos possam viver plenamente. Enviou os discípulos para serem também eles instrumentos da vida, do amor de Deus, de modo livre e humilde, desapegados de todos os bens desta terra. Enviados para fazer o bem, para recuperar a dignidade em todas as pessoas e em todas as famílias que fossem por eles visitadas.

A missão requer um coração livre de todos os tipos de amarras, tanto materiais como emocionais. Tudo o que os discípulos de Jesus faziam, era na gratuidade, sem esperar nada em troca. Livres para amar, se deslocavam de casa em casa, em toda a região da Galileia. As pessoas não eram obrigadas a recebê-los, mas, com certeza, aqueles que os acolhiam em casa, viviam a experiência do amor e da paz. Onde não os recebiam, sacudiam o pó da poeira e seguiam em frente, sem reclamações ou murmurações. Os discípulos foram instruídos por Jesus para estarem preparados, sabendo que poderiam ser bem acolhidos ou não.

Ser discípulo de Jesus significa exatamente isso: estar pronto para sair e ir ao encontro daquele que necessita de nossa ajuda. O cristianismo não é marcado por uma fé intimista, individualista, pensando somente em si mesmo, mas, pelo contrário, sempre atento e preocupado a ajudar aquele que de nós necessita. Ser cristão quer dizer: estar pronto para servir, ajudar, se solidarizar, viver o amor e a misericórdia. Se não for assim, quer dizer que não entendemos a essência do evangelho, da boa nova de Jesus. Quem só reza por si mesmo, preocupado exclusivamente com o seu mundo, ainda não compreendeu o evangelho de Jesus.

Infelizmente, vivemos num mundo onde as pessoas, de modo geral, estão voltadas quase que exclusivamente para os seus desejos e necessidades. O papa Francisco alerta para o grande mal da nossa sociedade: a indiferença com a dor do próximo. Existe, da parte de tanta gente, uma frieza com o problema do outro. Parece que as pessoas estão muito voltadas para si mesmas, e, isso acaba criando um grande vazio interior. O próprio Jesus nos diz: ‘quem quiser ganhar a sua vida sem mim, vai perdê-la; e, quem perder a sua vida por causa de mim, vai ganha-la’. E dar a vida por Jesus quer dizer, dar a vida pelos irmãos, sobretudo, por aqueles mais pobres, doentes e necessitados. E, somente quem aprende a sair de si mesmo e ir ao encontro do outro, viverá a experiência da alegria que brota do evangelho.

Como discípulos de Jesus, somos chamados, a exemplo dos doze apóstolos a sempre sair, e ir ao encontro de quem necessita da nossa ajuda. Se existe por um lado a indiferença, por outro, encontramos tantas pessoas voluntárias, pensando em suprir as necessidades dos mais carentes. São os trabalhos sociais, feitos na gratuidade, com o simples objetivo de ajudar, de servir, de fazer o bem. E, quem age assim, encontrou a razão profunda da sua existência. Não existe nada de mais nobre, dignificante e que realiza o ser humano, do que o bem feito com carinho, ternura e totalmente gratuito. Existe como dizia São Paulo, muito mais alegria em dar do que em receber. O bem, que parte de um coração alegre e generoso, realiza profundamente o ser humano, preenchendo o seu coração por inteiro. Sempre prontos para sair, para ajudar e fazer o bem, pois, é isso que dá sentido profundo para a nossa vida.

Publicado na edição 1269 – 08/07/2021

Sempre prontos para sair

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