Silência não incomoda niguém

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Iéu no méio do milharal estando, coiendo umas espiga de mio pra fazer um panelón de mio verde pra janta, quando iscuitando um TUM, TUM, TUM e chon cumeçando a tremér, aquéle baruio fói ficando mais alto e si aprochimando de iéu, que diabo deve sér? passo de gigante non é proquê passo de gigante é mais espaçado. Baruio paricéndo batida de coraçon, mas qui bicho pode sér ton grande pra bater ton forte de tremér chon? Talvéis elefante, mais ném circo por pérto tendo. Quém sabe trovoada com ritimo de funque, mais céu limpo estando. Como baruio da estrada vindo, iéu fói meio que se escondéndo no meio dos pé de mio pra ver a coisa estranha passar, quando mais perto chegando iéu escuitando uma musca estranha, parecéndo coisa do outro planeta, pronto!! tamo sendo atacado por disco-voador, debuilhei um terço, quando na curva aparecéu uma dessas camionetona Railuquis cos farol ascendido e com caroceria chéia de caxa de som que ném banda de polaco rico, passo por iéu e quase que surdo ficando de ton alto aquéla musca que cabeça ficando um tempom zunindo e latejando com aquéla baruiera. Fói no armazém pra tomar pinguinha do final de dia, quando copo na mon estando a pinga cumeçando a se mexer, chon do armazéi tremendo, as garafa da parteléra ficarom se batendo, as bola da mésa de sinuca se barér sozinha e véio aquela baruiada passando TUM, TUM, TUM. Rapazianada falando que o Fio do Aléxo ganhô camionetona de presente do pai proquê tirô carta de motorista e gastô uma nota preta pra ponhar iéstes aparéio de som só pra si aparecer pras polaquinha. Pra casa voltando, por cima da ponte de madéra passando, sintiu devolta aquéla tremeçon que inté riberon começando a corér nos contrário e bateçon da camionetona do Fio do Aléxo, TUM, TUM, TUM, saiéu coréndo de cima da ponte, vai que dismorone e iéu caia pra drénto do rio. Camionetona passando e as arve e capinzéro balançando quando camionetona passando, devolta os zovido ficaron zunindo e cabeça latejando, iéu pensô, comé que rapaizinho ta agüentando com toda iésta baruiera e ainda falando no cebular? Em casa estando e cafezon da tarde preparando, começô as vidraça balançar, chon da cuzinha tremer, e aquéla baruiada se aprochimando, criaçon coréu pro mato, cachorada siscondéu debacho da mésa pensando que sendo foguete, o baruio foi chegando, chegando, chegando e de repente ficô um silênço desgraçado, ném pio de curuja iscuitando. Passô uns quinze minuto e nada de baruio, enton palma batendo no porton, iéra o Fio do Aléxo dizendo que si iéu non dava carona pra iéle volta pra casa proquê bateria da comionetona arriô procausa do sistema de som. Bém, iéu déu graças a Déus qui baruio parando e bom mésmo que fique désse jéito séi incomodar os inocente, iéu falando pro rapaizinho que fusca inferujado sirvindo de galinhéro e só saienco com os cavalo puxando, enton, iéu imprésta os cavalo pra puxar camionetona despóis Aléxo devolve os animal, pelo ménos na volta pra casa vendo que o silênço fais bém e non incomoda ninguém.

Publicado na edição 1237 – 05/11/2020

Silência não incomoda niguém
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