Araucária PR, , 23°C

Foto: Divulgação

Talvez muitas pessoas ainda lembrem do Sr. Hugo e da sua barbearia que até meados dos anos 90 havia na Rua Dr. Julio Szymanski.

Era apenas uma sala, uma modesta sala de madeira construída entre a residência e escritório da Família Trauczynski e a antiga Rádio Cambiju, cuja construção foi demolida para construção do prédio do Salão Paroquial, e naquele pequeno espaço uma única peça abrigava uma modesta barbearia que um senhor já idoso trabalhava.

O Sr. Hugo não residia em Araucária, mas, era aqui que ele trabalhava. Algumas pessoas que o conheceram relatam alguns fatos de sua via. Na década de 40, ainda jovem residia em nossa cidade junto com seus pais, e com o saudoso Sr. Vergílio que aprendeu o ofício de Barbeiro. Junto com sua família mudou-se para o Rio de Janeiro onde viveu por anos, lá envelheceu, ainda solteiro seus pais o deixaram internado em uma casa de repouso antes de suas mortes, nos anos 80, a casa fechou e seus moradores foram despejados.

Quando saiu viu-se sozinho sem nenhum parente vivo, lembrou-se então que havia deixado amigos em Araucária, e começou sua jornada de volta. Ao chegar aqui foi recebido pela Família Sezino que concedeu um espaço para morar, como já havia aprendido a ser barbeiro, junto com o Sr. Vergílio passou a exercer sua profissão. Contam que o Sr. Hugo era um excelente músico e dedilhava muito bem o seu Cavaquinho, mesmo com seus dedos já estavam debilitados, com seu talento musical sempre relembrava a sua participação nas regionais que musicalizavam o cinema mudo.

O Sr. Hugo seguia sempre uma constante rotina, pela manhã descia do ônibus vindo de Curitiba, tomava seu café no Bar da Dona Ângela Durau, atravessava a Praça Dr. Vicente Machado, dirigia-se ao seu local de trabalho, abria a porta e aguardava seus fregueses, os primeiros a chegarem ali muitas vezes não iam para fazer barba nem para cortar o cabelo e sim para conversas tão comuns nos salões. Ao meio dia fechava a saleta e ia almoçar na Dona Ângela, retornava e sempre havia um freguês para atender. Companhia não lhe faltava, seus vizinhos eram todos amigos, à tarde, mesmo varrendo o chão o inteiro, era hora de fazer a última faxina, juntar o lixo e colocar para o caminhão de coleta, fechava o salão e ia para a Rodoviária onde embarcava para Curitiba.

Como seu mundo era a pequena Barbearia no centro, o Sr. Hugo já com idade avançada e sozinho, passou a residir nos fundos de seu pequeno salão onde viveu até sua morte. A barbearia encerrou as atividades, equipamentos retirados e a pequena construção em madeira foi demolida, encerrando uma longa história de trabalho, dedicação e amizade, pois o Sr. Hugo era um senhorzinho que tinha muitas e grandes amizades. Sua vida foi solitária, mas nunca ninguém ouviu dele uma queixa de tristeza, era uma pessoa calma que apenas vivia sua vida e levava seu trabalho a sério, e assim foi até o seu fim. Quando tocava seu Cavaquinho brindava seus amigos com solos fazia com que o tempo voltasse aos seus áureos momentos.

O Seu Huguinho realmente foi uma pessoa excepcional, dentro de sua simplicidade e dedicação fez muitos amigos e teve o respeito de toda Araucária. Uma pessoa que se tornou inesquecível pelos seus próprios e honestos dons de trabalho, e lembramos dele com saudades.

Edição n.º 1406

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