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Terezinha Poly: A travessia de boiada no Rio Iguaçu

Terezinha Poly: A travessia de boiada no Rio Iguaçu

O ano ainda era 1900, o século XX iniciando e Araucária já fazia parte do cenário e da História do Brasil. Em meados de 1880 o Imperador D. Pedro II fez uma passagem pela nossa cidade quando juntamente com sua comitiva rumava à Cidade da Lapa/PR., onde o comércio de carne vinha crescendo como um dos setores mais produtivos do Sul do Brasil.

O Rio Iguaçu, até então possuía trechos em que permitia andar no seu leito, e as carroças que por ali passavam utilizavam uma vau para fazer a travessia, mas, a comitiva imperial possuía diversas carroças, charretes, liteiras e um grande número de serviçais, para que a passagem fosse feita com mais segurança contrataram o engenheiro inglês Walter Joslim para construção da primeira ponte sobre o Rio Iguaçu esta era feita ainda em madeira que durante uma das grandes cheias do início do século foi levada pelas águas, mas ainda que houvesse uma ponte em madeira, quando era necessário fazer a travessia de uma Boiada, o caminho por dentro do rio ainda era o mais tranquilo e até mais seguro, e durante muitas décadas era comum e normal assistirmos a passagem demorada das boiadas por dentro da nossa cidade.

Lembremos aqui que a BR 476 só foi construída, asfaltada e recebeu uma nova ponte na década de 60 construída pelos Governos Federal, Estadual e Municipal, até então o que havia era uma longa e reta estrada de terra, por onde trafegavam caminhões e por onde passavam as grandes boiadas, guiadas por diversos peões que vinham ao longe tocando berrantes e conduzindo o gado rumo à Cidade da Lapa, naquela época a antiga BR chamava-se ESTRATÉGICA, e quantas vezes, quando crianças corríamos para olhar mesmo que de longe a passagem daquela imensa fila de bois. Ninguém chegava perto porque todos sabiam do perigo que é um estouro de boiada.

E assim o gado era conduzido por dentro de nossa cidade, quando chegava nas proximidades de onde atualmente está construído o primeiro supermercado Condor, o gado era desviado e passava por dentro do rio, sempre com os boiadeiros guiando, cercando e soprando o berrante para seguirem o caminho. Araucária ainda uma cidade de poucos habitantes e que naturalmente em 1900 não possuía nenhum veículo motorizado. As atividades rurais eram praticamente as únicas que haviam na cidade e que levaram nossa cidade ao progresso.

Essa foto é realmente uma raridade pois a fotografia era uma novidade, e fazer uma foto durante a passagem por um dos trechos mais difíceis que é dentro de um rio. Um rio que já foi mais manso e muito limpo. Hoje essa atividade, esse rio e esse caminho é uma parte da História de Araucária, apesar das dificuldades enfrentadas todas foram necessárias para que chegássemos onde estamos nos dias de hoje.

Edição n. 1360

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