Terezinha Poly: Saudades de Dona Badia!
Entre as pessoas que deixaram boas e grandes recordações em nossa cidade de Araucária, uma das que mais lembramos e com grande carinho é desta senhora de cabelos grisalhos e enorme simpatia. Trata-se de Olinda Badia Nassif Merhy, mas para todos que a conheceram simplesmente chamávamos de Dona Badia. Nascida no dia 03 de outubro Dona Badia era devota de Santa Teresinha. Casada com o Sr. Nicolau Merhy imigrante libanês nascido na Cidade de Biblos, construíram um armazém que ficou no registro de nossa cidade. Dona Badia era uma pessoa educada e de grande simpatia, todos que a conheceram tiveram dela um tratamento especial e alegre, seus fregueses eram muito mais amigos que consumidores, sempre havia um espaço para conversas e fazer novas amizades.
O Armazém que junto com seu marido construíram era localizado na Rua Dr. Victor do Amaral esquina com a Rua Coronel João Antônio Xavier, por décadas o Armazém da Dona Badia atendeu grande parte da população de nossa cidade. Não se tratava apenas de um armazém de secos e molhados, também era uma padaria e comércio de doces, aliás, sobre o balcão encontrava-se um baleiro que era o sonho da criançada, sem contar com a vitrine onde havia os melhores doces que podíamos imaginar na época.
Dona Badia e o Sr. Nicolau tiveram 7 filhos, e todos eles se destacaram como pessoas ligadas ao esporte, comunicação e outros setores dentro da comunidade, e todos eram bastante conhecidos. São eles: Feres Merhy, Maria Merhy Oestereick, Lilian Merhy Garcia, Anita Merhy Kogic, Luiz Claudio Merhy, Iran Merhy e Carlos Alberto Merhy.
Dona Badia ficou viúva, mas, continuou dando andamento ao atendimento no armazém, podia contar com seus filhos que ainda estudavam e outros já trabalhavam, mas sempre estavam presentes se ela precisasse de ajuda, e assim ainda por 58 anos, o armazém esteve em atividade. Dona Badia acordava às 6:00 horas e atendia até o anoitecer. Em 1976 já com a saúde fragilizada encerrou o atendimento e também o próprio mercado, deixando um vazio, uma grande saudade naquela esquina. Todas as vezes que se passava em frente era impossível deixar de olhar as portas fechadas e sentir a saudade.
Dona Badia veio falecer em 1977, muito pranteada na cidade, deixou a lembrança desta senhora de cabelos grisalhos, de voz calma, sorriso fácil, simpática, gostava de conversar e tomar chimarrão, era elegante e sempre estava bem vestida, cabelo bem cuidado e perfumada (é assim que me lembro dela). Após sua morte, e com cada um de seus filhos morando em lugares distantes e diferentes e com suas vidas já encaminhadas, o armazém e residência ficou fechado até sua venda. Após isso, o casarão foi demolido, o terreno limpo e uma nova construção ergueu-se no local, e hoje está ocupado pelo Banco Santander. Mas para nós araucarienses que durante décadas conhecemos e convivemos com o armazém e a família proprietária, fica a saudade não só da venda, mas principalmente desta senhora que deu nome ao comércio de Armazém da Dona Badia.
Edição n.º 1436.
Texto de responsabilidade de TEREZINHA DE SOUZA POLY – Administradora da Página Araucária uma Cidade uma Saudade do Facebook. Foto do acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.