Araucária PR, , 17°C

Terezinha Poly: Um dia normal de pescaria na Araucária das antigas

Terezinha Poly: Um dia normal de pescaria na Araucária das antigas
Foto: Divulgação

O ano era 1930, Araucária ainda era considerada uma cidade pequena voltada principalmente para a agricultura. As ruas de toda cidade, eram consideradas apenas estradas de chão mesmo as que eram do centro do Município. Durante décadas as ruas eram barrentas, as águas formavam poças, eram escorregadias durante os períodos chuvosos, e quando as chuvas cessavam o barro secava e logo virava poeira, apesar de ser uma época em que se podia contar os veículos da cidade, até as carroças levantavam poeira ao passar. Mas também era uma época que o Rio Iguaçu, tinha águas limpas e possuía excelentes pesqueiros.

No passado o Rio Iguaçu tinha as águas tão limpas e puras que o Médico polonês Dr. Julio Szymanski construiu um Sanatório para doenças respiratórias e nervosas. A terapia era utilizada principalmente pelo uso das águas calmas e curativas do Rio Iguaçu, pelas suas margens calmas e próprias para passeios e natação e também porque Araucária tinha o ar limpo e contribuía para a cura de muitas doenças respiratórias. Esse Sanatório esteve em funcionamento em 1919, nos dias atuais não haveria mais as condições que fizeram com que fosse criado tal instituição.

O Dr. Julio Szymanski viu na cidade e no seu rio, as qualidades e pureza para tratamento da saúde, os moradores da cidade já conheciam bem o Rio Iguaçu. Nos dias de calor para cá vinham turistas de diversos lugares, inclusive da Capital para acamparem e pescarem no Rio Iguaçu, as famílias se reuniam próximo a primeira ponte metálica, pois além do rio ali era mais raso, e havia uma faixa de areia à qual as pessoas chamavam de praínha, e era lotado de pessoas de todas as idades nos dias de calor.

Mas, para os pescadores não importava se o dia era claro e ensolarado ou se estava chovendo, aliás muitos dizem que os peixes apareciam em maior quantidade nos dias de chuva, e pelas “fieiras” destes pescadores, parece mesmo que o tempo chuvoso a pescaria rendia muito mais.

E aqui estão alguns moradores locais apresentando o resultado de um dia de pescaria. O lugar onde foram fotografados é a esquina das Ruas Major Sezino com a Cel. João Antônio Xavier, e podemos notar o estado lastimável das ruas. Para quem ainda não se localizou, a cerca atrás dos homens vistos na foto é o mesmo lugar onde hoje está uma Relojoaria e do outro lado da rua embora não apareça está uma Loja de calçados, mas aqui em 1930 as ruas ainda não possuíam calçadas, nem calçamentos, as valetas funcionavam para escoamento das ruas, e em frente a cada casa havia um pontilhão para entrar em casa, poucos eram os que colocavam uma manilha, até mesmo onde os pescadores se encontram notem que eles estão sobre um pequeno pontilhão de madeira, era o que marcava a esquina, mas isso foi há décadas atrás.

Atualmente, esse mesmo lugar em nada lembra o passado de 94 anos atrás. Bom seria se a única mudança tivesse ocorrido somente no beneficiamento das ruas, que a partir dos anos 60, passaram a receber seus primeiros benefícios e atualmente, possui toda a infraestrutura que exige e merece, mas infelizmente já não temos mais os pescadores e suas fieiras de peixes. O Rio Iguaçu que já teve suas águas tão limpas a ponto de poder beber direto do leito, e considerada até medicinal, agora é um rio de águas fétidas, escuras e poluído, mesmo que alguns peixes resistam, já não são de confiança para consumo. Infelizmente, o preço que se paga pelo progresso é muito alto. Deveria haver uma maneira de progredir sem agredir nem matar a natureza, porque as águas do Rio Iguaçu limpas e transparente hoje são apena uma lembrança e uma grande saudade para quem viveu nos tempos antes da industrialização de nossa cidade.

Edição n.º 1426.

Texto de responsabilidade de TEREZINHA DE SOUZA POLY – Administradora da Página Araucária uma Cidade uma Saudade do Facebook. Foto do acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Leia outras notícias
CLINICA NATURAWELL