Pesquisar
Close this search box.

Terezinha Poly: Voltando às raízes

Foto: Divulgação
Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Quantas vezes ao nos depararmos com uma foto nos perguntamos: Quem foram essas pessoas? Quais eram seus sonhos? De onde eles vieram? Como e por que eles chegaram aqui? E aqui está mais uma lembrança de mais uma família de imigrantes que vieram para o Brasil, deixando para trás suas terras, suas propriedades, sua Pátria. Muitas vezes vieram fugindo de guerras que os deixaram sem ter onde morar e nem para onde voltar, fugiam de seus algozes, e, juntando os poucos bens restantes entraram em navios que os levariam para terras distantes atravessando oceanos, até chegar em um lugar diferente, com clima diferente, com idioma diferente, mas repleto de paz e com esperança e fé foram direcionados à outras cidades que ainda estavam em formação. E foi assim que iniciou a jornada desta família que temos nesta foto.

Aqui o ano já é 1939, e o local é a Chapada uma das mais antigas divisões do Bairro Estação na Cidade de Araucária. Os noivos são Edmundo Surek e Maria Klamas. Ao lado do noivo estão a Sra. Antonina Boczon e seu esposo Joseph Surek, ela nascida na Cidade de Petna Malostow na Polônia e ele nascido em Lipinki na Áustria. Ambos se conheceram durante a travessia do Atlantico e com seus familiares chegaram no início do século XX a uma pequena, mas próspera comunidade chamada Thomaz Coelho/São Miguel, que recebia imigrantes vindos de diversas partes do mundo que eram recebidos pelos representantes da Imigração no Brasil. Essas famílias recebiam orientações, materiais, alimentos e animais e eram conduzidos às glebas que recebiam do governo para sua instalação e produção. Ainda quando dentro da Colônia São Miguel Antonina e Joseph contraíram matrimônio e foram destinados às terras na área da Chapada, e neste local conheceram outros imigrantes assim como eles, tratava-se da Família Klamas.

E foi neste bairro da antiga Estação que essas famílias se tornaram novas famílias. Os novos membros das novas famílias logo se tornaram conhecidos na região. Pessoas dedicadas ao trabalho, enfrentaram os problemas que surgiam como em toda terra nova aparece, lutaram, venceram e com fé e dedicação tornaram-se algumas das famílias mais tradicionais de nossa cidade. E assim como um jovem casal de países diferentes um dia se encontraram e se apaixonaram chegou o dia em que Edmundo Surek, filho do casal, encontrou o amor e se casou com Maria Klamas, família que os acolheu na nova terra. Ao lado da noiva estão membros da Família Klamas.

Essa foto tem o dom de trazer um dos momentos de maior felicidade dentro de duas famílias, a união dos filhos e a formação de uma nova geração. Essa imagem de um casamento de 1939, muitas vezes pode passar despercebido por muitas pessoas, ao se depararem com a data, mas, aqui há uma pessoa em particular que aqueles que fazem parte de um grupo mais antigo do Bairro Estação conheceu muito bem. Atrás do noivo uma garota jovem, talvez ainda adolescente está dona Emília Surek, e quem neste bairro que frequentava as festas da Capela de Santo Antonio que não lembra dos famosos almoços que ela preparava? Nunca mais houve uma cozinheira que conhecesse tão bem o tempero das maioneses, risotos, frangos assados, dos temperos dos churrascos, dos bolos, que saudade! Mas pessoalmente agradeço a Deus por ter a Marlene (filha da Dona Emília) como cunhada (esposa do Edson), ela aprendeu com a mãe. Mas, como estamos falando de uma volta às raízes, percorremos uma jornada do passado distante e triste para uma foto, maravilhosa, que apresenta os personagens de duas famílias que passaram por dificuldades, cansaço, que algumas vezes talvez tenham chegado ao desânimo, mas não perderam a fé e aqui encontraram a paz que as guerras roubaram deles.

E assim chegamos aos dias atuais. Através de uma foto familiar tão preciosa, a historiadora Camila Poly encontrou suas raízes: o casal Antonina e Josehp são suas tataravós, D. Emilia Surek sua bisavó, D. Marlene sua avó, e ela, descendente de imigrantes faz parte da Família Poly. Nesta viagem ao passado vimos caminhos que essas famílias trilharam. Enfrentaram guerras, lutas diárias, cansaço e uma longa viagem atravessando oceanos até chegarem em solo brasileiro e encontrarem um novo lugar, uma nova cidade ainda em formação e que ajudaram a crescer e passaram a fazer parte de sua história. Essa jornada que teve início há tantas décadas atrás, hoje busca o caminho a ser refeito até a Polônia e Áustria, agora sem a fuga das guerras, desta vez em paz, em busca destas raízes que devem ser honradas.