Só pode dar testemunho de algo, quem viu e experimentou o fato. Do contrário, suas palavras tornam-se no mínimo duvidosas, mesmo que apresentadas com uma bela retórica, em tom persuasivo e convincente. É fácil falar de modo envolvente, mesmo quando aquilo que se prega, não passa apenas de palavras vazias de vivência. Acompanhamos tantos exemplos de pessoas que falam cheias de entusiasmo, como se tudo aquilo fosse realmente vivido por elas, mas que depois, demonstram uma enorme incoerência entre a fala e a vivência. Como diz um velho ditado: ‘palavras comovem, mas exemplos arrastam’.
João Batista tem plena consciência de que ele é apenas uma testemunha da luz, mas não é a luz. Isto já é muito significativo, e é exatamente por este seu jeito de ser, que ele atrai tantas pessoas para escutá-lo. Longe de se achar a luz, ele prepara o caminho para que venha a única luz que pode brilhar e iluminar a humanidade: Jesus Cristo. Mas isto não tira a importância decisiva do Batista, como o precursor, como aquele que vem antes da luz, exatamente para abrir os corações das pessoas a fim de acolher a luz. O seu testemunho encanta aqueles que vão ao se encontro, a ponto de acharem que ele é o Messias, o esperado. Ciente da sua missão, ele se coloca no seu lugar, como aquele que foi enviado por Deus para preparar a chegada do Salvador.
Jesus Cristo é a luz da humanidade. É ele que veio para brilhar, e mostrar através de suas palavras, gestos e ações o verdadeiro rosto do Pai. Um Pai amoroso, misericordioso, e cheio de ternura para com todos os seus filhos, especialmente com os mais pobres e abandonados. Tudo o que ele fez foi apenas amar e resgatar a dignidade de todos, como filhos e filhas, criados à imagem e semelhança de Deus. Todo rosto desfigurado, é sinal de que o Reino do Pai ainda não aconteceu na sua plenitude.
No entanto, este Jesus se manifesta ao mundo nos dias de hoje, através dos seus seguidores. Nós somos chamados a darmos testemunho desta luz, que se chama Jesus. Mas só pode testemunhar quem realmente procura viver a sua mensagem, a sua boa nova, o seu evangelho. Do contrário, serão apenas palavras jogadas ao vento. Testemunhar a luz quer dizer, buscar viver de acordo com aquilo que o Mestre ensinou e fez durante a sua vida. Em outras palavras, é fazer a experiência do encontro com Jesus Cristo. São Paulo viveu tão intensamente esta verdade, a ponto de dizer: ‘já não mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim’. E mais: ‘o meu viver é Cristo, o resto é lixo’.
Mais do que mestres, o mundo de hoje precisa de testemunhas. Palavras podem ser comoventes, mas aquilo que atrai e que encanta, que aproxima, é a vivência daquilo que se prega. Quando falamos bonito, mas em seguida desdizemos a nossa fala através de atitudes contrárias àquilo que proclamamos, perdemos a força e o crédito. A comunicação tem três grandes dimensões: em primeiro lugar, comunicamos através daquilo que falamos; em segundo lugar, através daquilo que fazemos e em terceiro lugar, através daquilo que somos. E com certeza, nada tem tanta força e atração, do que a comunicação que reflete aquilo que somos e que vivemos e testemunhamos. Seguindo o exemplo do Batista, sejamos testemunhas desta luz, que se chama Jesus, a fim de apresentarmos ao mundo a única verdade que realmente vale a pena ser seguida, Cristo, o caminho, a verdade e a vida. E isso só será possível, se vivermos e testemunharmos o que pregamos, através de palavras, gestos e ações.