Uma típica família polonesa

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Uma típica família polonesa

O casal de produtores rurais Claudio e Celia, moradores na região do Campestre representam uma típica família de descentes poloneses, cujos ancestrais vieram da Europa e fixaram residência em Araucária.

Claudio, 52 anos mais novo de 12 irmãos, é nascido e criado no mesmo lugar onde vive com a sua família, rodeado por parentes. Seus bisavós vieram da Polônia e estabeleceram-se na região da Colônia Cristina. Mais tarde, seus pais adquiriram as terras em Campestre, onde a família vive e cultiva. “No início meu pai montou uma olaria e a gente se dividia entre a cerâmica e o cultivo, mas quando ele faleceu a olaria fechou”, conta.

A família cultiva verduras, soja e milho que revendem para um cliente fixo na Ceasa. “Vou ao Ceasa duas vezes por semana, levar as mercadorias para esse comprador”. Embora conte hoje com maquinário e sistema de irrigação, a rotina de Claudio e seu irmão Zeferino é pesada, inicia as 5h da manhã e vai até o anoitecer.

Claudio estudou o primário na antiga escolinha Pedro Alvares Cabral, no Campestre, e depois nos colégios Dias da Rocha e Professor Júlio Szymanski, onde concluiu o curso Técnico em Contabilidade. Mais tarde, ainda solteiro, obteve licenciatura em Geografia e História.

Já a esposa não teve as mesmas oportunidades, na infância estudou na escola rural Adão Knopick e, assim como muitos agricultores da cidade, concluiu seus estudos primários com a Educação de Jovens e Adultos. “A vida era difícil, a gente trabalhava desde pequena um período na lavoura, ia para a escolinha a pé e na região não havia condução, raramente ia para o centro”.

Aos 13 anos, Celia perdeu o pai e teve que trabalhar diariamente no plantio para ajudar no sustento da família, na juventude começou a frequentar os bailes e festas rurais onde conheceu seu marido. O casal está junto há 30 anos. “São 20 anos de casados e mais 10 de namoro”, entrega Célia. O marido justifica: “Naquele tempo era tudo mais difícil, a gente se via uma vez por semana, ou até menos, pois as localidades são distantes e a comunicação era precária”.

A família de Claudio sempre foi atuante na comunidade, ajudou na construção da nova igreja de Nossa Senhora da Assunção no ano de 1972 e do salão de festas. A original com 105 anos era uma capela de madeira. Claudio e a esposa, fazem parte da comissão da igreja e ajudam na coordenação das festas e eventos.

Quando criança, Claudio já ajudava na lavoura. Nas horas livres brincava de bola de gude, queimada, “bate ombro” e sempre ia pescar no Rio Iguaçu com os seus irmãos e vizinhos.

Pela dificuldade de transporte a família toda ia poucas vezes para o centro de Araucária, “Meu pai tinha uma rural e nos domingos, os filhos que cabiam, iam junto na missa da igreja matriz, após a celebração, os pais se reuniam no bar e mercearia do Donato e os jovens no Kinkos”, conta. Segundo ele, esse era o ponto de encontro de todos os moradores: “Havia poucas casas, a estrada era de paralelepípedos até o Cavalo Baio, era nos domingos que a gente ficava sabendo das notícias e reencontrava os amigos”.

Claudio diz que a família se impressionou com o rápido desenvolvimento de Araucária, desde a chegada da Refinaria da Petrobrás, em 1977. “O comércio expandiu e surgiram novos bairros, a cidade cresceu muito, cada vez que íamos para o centro tinha algo novo surgindo” relembra.

Em contrapartida, nos últimos 20 anos, o casal viu vários vizinhos deixarem o campo, partindo com suas famílias, ou apenas os filhos, para o centro de Araucária ou para Curitiba em busca de emprego e melhores condições de vida. “Sabemos que alguns não se deram bem e trocaram o certo pelo incerto, a lavoura tem altos e baixos, mas o sustento é garantido, afirma Celia.

“A gente ama aqui, nossa vida foi construída nesse lugar, nem sempre foi fácil, mas temos uma qualidade vida, de tranquilidade que não teríamos em outro lugar, e quando precisamos encontramos praticamente tudo no centro de Araucária”, diz Claudio. “O que falta mesmo é opções de lazer e cultura para os jovens, talvez um shopping, um cinema, locais para prática de esportes”, complementa.

Cláudio e a família são muito conhecidos e respeitados na comunidade. Nos receberam muito bem em sua casa, são muito simpáticos, gentis e atenciosos, uma família cuja cumplicidade e amor, transborda na constante troca de olhares entre seus membros, durante toda nossa entrevista. As filhas Bruna, 15, e Renata, 10 anos, têm sonhos diferentes para seu futuro, a mais velha sonha em ganhar o mundo pilotando de avião: “Minha outra opção é agronomia”, conta timidamente. Já Renata, quer ser professora para dar aula na escola de Guajuvira, onde as irmãs estudam, e construir sua casa juntinho a de seus pais: “Eu amo demais esse lugar”. Os pais garantem apoiar as filhas na opção que escolherem para suas vidas: “Sempre queremos o melhor para nossos filhos, mesmo que signifique estar longe de nós”, diz a mamãe coruja.

Turismo Rural

A chácara da família faz parte do Circuito de Turismo Rural Caminhos de Guajuvira, desde a concepção do circuito há 16 anos. “Aqui é o último ponto de visitação do roteiro e os visitantes comentavam que não havia um lugar para lanchar, confraternizar, tomar um café, foi então que a minha cunhada e eu idealizamos o café colonial típico polonês”, conta Celia – que é uma cozinheira de mão cheia e até fez um curso de culinária quando solteira. “Minha mãe faz bolos, tortas e doces para a vizinhança, ela é muito requisitada, faz até bolo de casamento”, entrega a filha Bruna, que ao contrário da irmã mais nova, não gosta muito da cozinha.

O salão próximo à residência do casal atende até 80 pessoas e, além dos visitantes que vem com o ônibus do circuito, aceita reservas de particulares e também eventos, sempre aos sábados e mediante agendamento. “Recebemos visitantes de várias regiões do Brasil e até de outros países. No final do ano há varias excursões de Santa Catarina, principalmente de Joinville, que vem para a colheita de pêssegos, plantados aqui na região. Já recebemos gente da Polônia, Itália e Argentina”, explica Celia, concluindo que a maioria das pessoas que vem pelo circuito são de Curitiba e bem poucos de Araucária.

Para conhecer e agendar, ligue para a prefeitura 3901-5214, acesse https://www.facebook.com/turismoruraldearaucaria Ou diretamente pelo telefone 3642-3742.

Texto: Rosana Claudia Alberti

Foto: Everson Santos

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