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Uma voz que clamava no deserto

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A voz de João Batista ecoa fortemente neste tempo de Advento, clamando por conversão e mudança de vida. João se afasta da cidade, do templo e, vai pregar no meio do deserto, de modo bem duro e exigente. Usa a imagem do machado que está pronto para cortar toda árvore que não der frutos. Se veste de modo rústico, simples, e, se alimenta de mel silvestre e gafanhotos. Sua linguagem é pesada, mas, muito incisiva, pois o Salvador, o Messias está chegando. Ele é aquele que prepara a vinda de Jesus, e, tem plena consciência de que é apenas um profeta, que batiza com água. E acrescenta dizendo que não é digno nem de desamarrar a sandália dos pés daquele que virá depois dele. Tem plena consciência de sua missão, pois, assim que vier o Salvador, ele vai se afastar, com a consciência de dever comprido.

João Batista é o último dos profetas, pois, depois dele, virá aquele esperado e anunciado por tantos outros profetas ao longo da história: Jesus de Nazaré, o Salvador da humanidade. Deus o escolheu para ser o precursor, e ele o faz de modo rigoroso, gritando no meio do deserto, bradando por mudança de vida, por transformação. Imagino os seus seguidores, um tanto espantados com a sua linguagem, mas, abrindo seus corações para acolher o Salvador. E, assim que Jesus é batizado, ele sai de cena, na certeza de ter comprido a sua missão. Essa consciência do Batista sempre me fez pensar e refletir sobre a missão de cada um de nós. São os mistérios insondáveis de Deus, que aponta a cada um de nós uma direção e um projeto a ser realizado nessa terra. Se ele não for vivido, ficará um vazio, pois cada um é único e irrepetível.

Tempo de advento é um tempo especial de conversão, que nasce no coração de cada um. Não basta uma mudança apenas externa, de fachada, mas, uma volta para dentro de si mesmo e, ali, deixar a voz de Deus falar. E, quando nos encontramos Deus, escutamos Deus, naturalmente Ele nos envia em missão. O encontro com o Senhor da vida, provoca uma verdadeira renovação interior, que, nos leva para fora, em saída, acolhendo com amor aqueles que de nós necessitam. O encontro com o Deus da vida não nos deixa frios e insensíveis diante da dor do outro, muito pelo contrário, nos coloca em movimento, abertos a acolher e a ajudar a quem mais necessita.

A figura de João Batista nos desinstala e nos conduz para um compromisso de amor aos irmãos. Preparar-nos para o Natal, acolhendo o Menino de Deus em nossa vida, é um desafio diário. Requer uma grande humildade para nos reconhecermos frágeis, e, nos colocarmos na dinâmica da mudança. Mudar nossas atitudes não é algo fácil e simples, muito pelo contrário, pois, geralmente tendemos a nos defendermos e a justificarmos nosso jeito de ser e de viver. Estamos bem próximos do Natal e mais uma vez somos chamados a rever nosso comportamento. E mais uma vez surge a oportunidade de mudarmos nossos hábitos, permitindo que o Menino Deus nasça dentro de nós e nos transforme em pessoas melhores, mais humanas, mais abertas ao próximo, sobretudo, àquele mais sofredor e necessitado de nossa ajuda. A vida só tem sentido, quando colocada a serviço do outro. Que a voz de João Batista ecoe dentro de nós e nos faça instrumentos do Reino de Deus.