Sentir prazer sexual é uma necessidade pulsante do corpo humano, e o orgasmo é o ápice dessa satisfação. Assim como encontrar a paz interior é um anseio da alma, para o qual as práticas espirituais contribuem. O orgasmo é um rito do corpo!

Você se sente suja(o) depois de um orgasmo? Como se, após os gemidos, os gritos de satisfação que estremecem e relaxam todo o corpo — após o seu ritual do prazer — a espiritualidade se afastasse de você? Ou como se você se tornasse indigno(a) perante os céus? Sinto lhe informar: talvez você tenha sido moral ou religiosamente castrado(a) em sua maior força física — sua liberdade orgástica.

Se, apenas ao ler o título deste texto ou o parágrafo anterior, você sentiu arrepios, calafrios, ou uma inquietude para esconder o jornal, minimizar a tela do computador ou mesmo uma súbita vontade de me insultar pelos canais disponíveis — então me sinto realizado. Estou no caminho certo. É sinal de que estou cumprindo minha missão espiritual: ser irritante, provocativo e destrutivo às mordaças alienantes do medo. Às imposições de condutas pré-programadas, em nome de dogmas que você apenas repete, sem poder elaborá-los, contestá-los ou reformulá-los. Ao tentar isso, talvez tenha sido expulso(a), frustrado(a), deixado(a) de lado. A consequência dessas travas? Sentir hoje seu corpo e sua mente algemados por decisões que não ouviram sua alma — vieram de um espaço de opressão.

Barbara Ann Brennan, pesquisadora norte-americana, física e estudiosa do campo de energia humana, afirma que o orgasmo gera um banho de vitalidade no corpo e na alma. Isso porque, nesse momento, você se conecta totalmente com a energia da Terra, reconhece-se como humano, entra em contato com seu corpo e transborda pelo chakra básico (centro de energia localizado na região púbica). Por esse ato, você absorve maior disposição para a vida terrena e adquire mais capacidade de agir com consistência rumo aos seus objetivos. Você está aterrado. Com os pés no chão.

Louise Hay, escritora e palestrante motivacional norte-americana, passou por um processo de remissão de câncer e, nesse reencontro com seu corpo, descobriu que ele sussurra aspectos da alma e do emocional que precisam ser tratados para que a saúde flua novamente. Em sua obra Você Pode Curar Sua Vida, ela sugere que dores de cabeça podem estar associadas a preocupações excessivas ou sentimentos de culpa. E que, se nos primeiros instantes você se masturba, há grandes chances da dor nem persistir. Confesso que, ao ler isso, eu ri — não por desacreditar da sabedoria da autora, mas porque também sou fruto de uma sociedade castrada quando o assunto é sexualidade. O sexo é visto como “fruto proibido”, tabu familiar ou religioso.

E nem toda religião vê o sexo da mesma forma! O hinduísmo, com presença registrada há mais de 4.000 a.C., compreende o prazer sexual como parte legítima e sagrada da experiência humana. Não é visto como pecado ou impureza, mas como uma das quatro metas da vida, conhecidas como Purusharthas: 1. Dharma – o dever, a ética, o propósito espiritual; 2. Artha – os meios de vida, a prosperidade, o bem-estar material; 3. Kama – o prazer, incluindo o prazer sexual, estético e emocional; 4. Moksha – a liberação espiritual, a iluminação.

O famoso Kama Sutra, por exemplo, advém do terceiro pilar. E não é apenas um manual de posições sexuais — trata de relacionamento, intimidade, estética, conexão e respeito mútuo. No hinduísmo tântrico (e nas escolas de yoga mais esotéricas), a energia sexual é vista como Shakti, a força vital criadora do universo. Quando canalizada com consciência, torna-se uma ponte para a expansão da consciência.

Em minha atuação como terapeuta energético, não foram poucas as mulheres que atendi e que afirmaram não ter mais orgasmos, ou sequer relações sexuais com seus maridos. Sentiam-se emocionalmente ocas, sem luz. Ao tratá-las e ajudá-las a se reconhecerem como merecedoras de um bom orgasmo e de uma transformação relacional que as proporcionasse prazer, percebi: precisamos reconhecer o orgasmo como um contato íntimo e sagrado com nossa própria luz vital.

Aos que dilaceraram moralmente essa vivência e atacaram com eloquência, em nome da fé, o resultado salta aos olhos: crimes sexuais, traições conjugais, escândalos religiosos. Não precisa ser assim. Ser divino é ser humano. E ter um bom orgasmo é mergulhar na gratidão por estar vivo. Reconheça seu corpo. Permita-se senti-lo.

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Edição n.º 1461.