Vendas em semáforos são alternativas de renda para desempregados

Beatriz tem 18 anos e seu primeiro emprego foi vender balas no semáforo
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Beatriz tem 18 anos e seu primeiro emprego foi vender balas no semáforo
Beatriz tem 18 anos e seu primeiro emprego foi vender balas no semáforo

Em 2016, o Brasil perdeu mais de um milhão de empregos com carteira assinada, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O reflexo de tanto desemprego pode ser visto nas ruas de Araucária. É cada vez maior o número de vendedores ambulantes, principalmente nos semáforos com maior tráfego de veículos.
Balas, Cd´s, água, doces, carregadores de celular e até caldo de cana, são alguns dos produtos comercializados por pessoas que tem buscado alternativas para ganhar dinheiro.
Trabalhando cinco vezes na semana, oito horas por dia, João Augusto de Paula era funcionário de uma multinacional no ramo de plásticos. Seu salário era em torno de R$ 3mil. “De uma hora para a outra perdi meu emprego e as contas ficaram. Cheguei a procurar emprego, fiz algumas entrevistas, mas não deu nada certo. A alternativa que encontrei foi vender água aqui no semáforo”, conta ele que hoje ganha cerca de R$ 1.100 com as vendas.
João Augusto diz que não é nada fácil esse trabalho, mas que não se envergonha do que faz. “Não deixa de ser uma profissão. É muito cansativo trabalhar debaixo do sol, quando chove não tenho como vender, mas por outro lado não posso reclamar porque é daqui que consigo ter dinheiro para manter a casa, juntamente com a renda da minha esposa”, diz.
Paralelamente às vendas, ele continua procurando uma oportunidade na Agência do Trabalhador. “Eu vejo isso como algo temporário. Não é futuro ficar aqui no sinal vendendo água. Não posso ficar parado. Quero um emprego com carteira assinada”.
O primeiro emprego da jovem Beatriz Milena dos Santos Alves, 18 anos, foi vender balas no semáforo. Ela nunca teve registro em carteira e trabalha com toda a família no sinal da Avenida Nossa Senhora dos Remédios, próximo a Câmara de Vereadores.
Beatriz, mora no Iguatemi e acorda às 7h e às 9h já chega no local de trabalho onde fica até as 16h. O intervalo para almoço é de apenas meia hora. “Sou solteira, não tenho filhos, então o que eu ganho aqui é suficiente para me manter. Não posso reclamar”, diz. A jovem comenta que, se pudesse optar, preferiria um emprego com carteira assinada e salário fixo. “Não tem como comprar parcelado, fazer uma conta, porque nunca sei se, no mês que vem, vou ter dinheiro para pagar. Se tivesse trabalhando em uma empresa teria mais estabilidade e segurança”, comenta.
Sobre os riscos de se traba­lhar na rua, Beatriz diz que não sente medo. “às vezes acontece alguma situação chata, mas nada grave. Sempre tem bastante mo­vimento aqui e me sinto segura”. Ela não revela quanto ganha, mas admite: “o salário é razoável, dá mais que um salário mínimo”.
Preconceito
Cara feia, vidros fechados, xingamentos. Isso também faz parte da rotina dos vendedores de rua. “Nem todo mundo é receptivo com nosso trabalho. Muita gente compra pra ajudar, mas também tem aqueles que nos insultam e desres­peitam”, lamenta João Augusto.
Outro ponto negativo da informalidade é em relação aos direitos trabalhistas que não são garantidos sem a carteira assinada. “A gente não recolhe INSS, se está doente não pode trabalhar e aí não ganha”, finaliza o vendedor.

Foto: Everson Santos

 

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