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Vinte anos após a morte de Eliseu Voronkoff, artistas prestam homenagem

Vinte anos após a morte de Eliseu Voronkoff, artistas prestam homenagem

Há 20 anos Araucária perdia um dos maiores nomes da sua arte: Eliseu Voronkoff. O poeta, bailarino, ator e professor de teatro teve sua trajetória interrompida pela violência no dia 4 de março de 2003, mas deixou seu exemplo de disciplina, dedicação e amor pelo teatro, pela poesia e pela dança. A Casa Eliseu Voronkoff, inaugurada em abril de 2018, que traz em seu nome o peso do legado do multiartista, prestou uma homenagem, em nome de todos os artistas locais.

Ana Paula Frazão, gestora do espaço, afirma que Eliseu era uma pessoa como outra qualquer. Nem melhor, nem pior que ninguém. Mas tinha em si a força que só a arte é capaz de dar. Não passava despercebido. Não levava desaforo para casa. Não baixava a cabeça para ninguém. Porque a arte tem esse dom. O dom de transformar qualquer um em superpoderoso, potencializando nossa humanidade.
“Eliseu continua vivo e presente na arte que seguiu depois dele. Ele não era perfeito, nem tentava sê-lo, mas a sua paixão e crença na criação deixou um legado como exemplo. O artista, por mais egocêntrico que seja, sabe que seu trabalho é para os outros. Seu trabalho é como um grande espelho onde se enxerga toda a sociedade. Nem sempre é agradável o que se vê, e acontece, às vezes, de alguém não suportar ver no outro o que precisa esconder em si”, afirma.

Ana lembra que temos vivido tempos difíceis, onde a ignorância faz com que muitos acreditem que arte é inútil, que não serve para nada. Mas olhos mais atentos percebem que a função da arte é melhorar pessoas. Ela reverbera por muito tempo e a prova disso é que Eliseu Voronkoff, artista em uma cidade que não se comove muito com a arte, foi assassinado há 20 anos e ainda é lembrado.

“O artista é espelho e aparentemente não morre nunca, porque além de corpo é ideia, e o intangível não pode ser segurado e golpeado. Por isso Eliseu segue vivo em muitos lugares por aí, mostrando que não é matando o outro que você apaga o que vive em si. Homofobia é medo de olhar para dentro”, argumenta a gestora.
Relembre o crime

Na madrugada de 04 de março de 2003, o corpo do poeta, bailarino e professor de teatro Eliseu Voronkoff foi localizado na Rua Espírito Santo, perto do Centro de Saúde Santa Mônica. Com diversas facadas, Eliseu estava em um local escuro, dando a impressão de que tinha tentado escapar. Alguns metros adiante da cena, policiais localizaram somente uma lâmina de uma pequena faca de cozinha, suja de sangue. A vítima trajava uma camiseta e um calção e tinha seu telefone celular, documentos pessoais, cartões bancários, talões de cheque e algum dinheiro em um de seus bolsos.

“No dia 04/03/2003, uma segunda-feira de Carnaval, eu estava na praia de Balneário Camboriú e recebi um telefonema do meu falecido cunhado, pedindo para voltar pra casa! Chego em casa e meu pai está internado com a pressão acima de 21/12 (faleceu 5 meses depois). Minha mãe estava desesperada, pois havia ouvido no rádio que o diretor do Teatro da Praça tinha sido encontrado morto, próximo ao Parque Cachoeira. Um dia que nunca esquecerei. O dia que perdi meu irmão, há 20 anos. Uma morte da qual nunca vou me conformar. Uma morte que trouxe também a partida do meu pai e um câncer na minha mãe. Uma morte da qual nunca foi feito justiça”, lamenta Andrea Voronkoff, irmã de Eliseu.

Edição nº.1353

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