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Volta às aulas: o que é preciso saber sobre o bullying

Volta às aulas: o que é preciso saber sobre o bullying

Quase 18 mil estudantes matriculados na rede municipal de ensino de Araucária retornarão às aulas na próxima segunda-feira, 6 de fevereiro. Nesse retorno, é sempre visível a felicidade das crianças, mas apesar de ser um momento de alegria para a maioria, infelizmente uma parcela significativa dos estudantes não compartilha deste sentimento e sofre. Estamos falando das vítimas de bullying, um conjunto de comportamentos agressivos que traz sérias consequências à vida das crianças e jovens.

Diante desse contexto, no retorno às aulas é muito importante que a escola e os pais fiquem atentos à essa questão, principalmente no caso das crianças que estão mudando de escola ou aquelas que irão voltar em um ambiente que já sofriam bullying antes.

Para a psicóloga araucariense Angélica Soraya Krzyzanovski, o bullying escolar se manifesta de diversas formas:  agressões físicas (socos, chutes, empurrões), verbais (ofensas), psicológicas (chantagear, discriminar, excluir), também tem a questão sexual entre as crianças maiores e a material. “Não é fácil combater o bullying, é um comportamento complexo, porque às vezes ele não é falado e se a criança não se manifesta, o agressor acaba se fortalecendo e dando continuidade à prática do bullying. Então a forma mais correta de lidar com isso é a criança sentir que ela tem um espaço de acolhimento, para poder falar sobre isso e aí sim a escola e a família vão tomar as medidas cabíveis, dependendo do tipo de agressão que a criança vem sofrendo”, explica.

A psicóloga também sugere que a escola realize ações voltadas ao tema e trabalhe dentro da grade curricular ou com projetos interdisciplinares, as questões de respeito, empatia e diversidade dentro da escola. “As escolas devem manter os canais de comunicação abertos e ainda disponibilizar uma pessoa ou um funcionário que esteja mais próximo dos alunos para poder observar e conversar com aquele que sofreu bullying. E quando a escola receber um relato a respeito, precisa tomar partido, no sentido de ajudar e orientar essas crianças e avisar suas famílias”, orienta.

Castigo necessário

Angélica também reforça que as crianças que cometem o bullying arquem com as consequências dos seus atos, de acordo com as regras escolares, seja uma chamada de atenção, afastamento ou outra medida. “Isso é necessário porque o que mantém o bullying é o fato de a vítima não se manifestar e o agressor continuar cada vez mais fortalecido, isso faz com as agressões só evoluam. A família também deve acompanhar a vida escolar da criança, perceber comportamentos diferentes, por exemplo, quando ela não quer mais ir para a escola. É importante manter um canal de comunicação aberto dentro da casa, em que as crianças possam conversar sobre seu dia, em que os pais perguntem sobre os amigos e colegas. As crianças falam, se você der abertura e não as julgar e nem tentar normalizar, ou seja, invalidar a triste experiência que o filho pode estar vivendo. Porque o bullying se manifesta de diversas maneiras, até em brincadeiras e piadas e nunca começa com grandes agressões, normalmente iniciam com pequenas atitudes mesmo”, explana.

Segundo a psicóloga, as consequências do bullying na vida da criança podem ser devastadoras. “Tenho muitos pacientes aqui no consultório que são adultos e que ainda hoje sofrem consequências do bullying, como a baixa autoestima, ansiedade, ansiedade social, coisas que afetam suas vidas. Então, é realmente importante falar sobre esse assunto, porque é algo que sempre existiu, mas antes não era tão falado e por isso acabava sendo normalizado. Precisamos falar e precisamos combater o bullying, para que a escola seja um ambiente saudável e de educação e não um ambiente de intimidação”, declara.

Responsabilidade maior

Também na volta às aulas, uma situação que merece atenção é quanto à maturidade das crianças que estão ingressando na educação fundamental. Vindas dos CMEIs, onde recebiam a atenção direta de mais profissionais, agora terão que aprender a dividir espaço e atenção com as demais crianças. “Nesse primeiro contato com um ambiente diferente do que elas encontravam na creche, os professores e os pais devem ficar atentos a qualquer mudança de comportamento da criança. Os  pais, principalmente, devem dialogar abertamente com os filhos sobre tudo que acontece na escola, sobre como foi o dia do filho. Com essa abertura, a criança tende a falar e contar se há algo estranho, do tipo ‘pai, tal menina não gosta de mim’ ou ‘pai, eu não tenho amigos na escola’. São frases acendem um alerta, já que podem representar um sentimento de exclusão”, explica Dra Angélica.  

Também nesse primeiro contato com o ensino fundamental podem surgir os comportamentos de agressividade, e aí nos deparamos novamente com o bullying, manifestado através de chutes, socos ou até agressões mais severas. “Normalmente começa com coisas pequenas e é nessa hora, principalmente nos anos iniciais, que a gente vai ensinando as crianças a lidarem de maneira diferente com as coisas, por exemplo, a raiva e a frustação. Então reforço a questão da necessidade de a escola investir em projetos que ensinem as crianças sobre empatia e respeito”, aconselha a psicóloga. 

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