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Além das famílias que já viviam em situação vulnerável, outras de classe média perderam totalmente a renda e também sofrem para ter acesso a alimentos. Foto: Marco Charneski
Voluntários lutam para amenizar os efeitos da fome
Além das famílias que já viviam em situação vulnerável, outras de classe média perderam totalmente a renda e também sofrem para ter acesso a alimentos. Foto: Marco Charneski

Com a perda de renda e poucos auxílios assistenciais, a entrega de cestas básicas ajuda, mas não é o suficiente. O nutricionista e ex-presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Araucária (COMSEA), Alexsandro Wosniak, aponta que as famílias vulneráveis ainda enfrentam dificuldades em conseguir gás para cozinhar os alimentos, acesso a frutas e verduras, entre outros. “Precisamos retomar as discussões do conselho e fazer um diagnóstico da população de Araucária, para pensar em políticas públicas e iniciativas que atuem de forma ampliada para promover a segurança alimentar”, descreve.

Até o momento, não existem projeções municipais sobre o estado da insegurança alimentar. Um estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) mostrou que, em 2020, mais de 116 milhões de brasileiros estavam em algum nível de insegurança, sendo 19 milhões em nível grave. Segundo a pesquisa, a fome está presente de forma majoritária nos lares chefiados por mulheres, com baixa escolaridade e pretas ou pardas. Outra pesquisa — da Central Única das Favelas (CUFA) — realizada com moradores de 76 favelas brasileiras, revelou que várias famílias realizam menos de duas refeições por dia.

Para José Antônio Campos Jardim, conhecido como “Zé da Cufa” e presidente CUFA-Paraná, o que os projetos sociais têm feito a nível local e nacional é tentar amenizar os impactos da insegurança alimentar e da pandemia na vida das pessoas em comunidades vulneráveis. Somente em Curitiba e região metropolitana, a instituição contabiliza aproximadamente 70 favelas. Em Araucária, a CUFA já distribuiu, ao longo de 11 meses, mais de 400 botijões de gás, cerca de 150 cestas básicas por mês, mais de 450 chips de telefone no projeto “Alô Social”, além de ações de transferência de renda.

Iniciativas como o “Projeto Seja Luz” e “Solidárias Festinhas”, também atuam na região para amenizar os efeitos da fome e da pandemia, com entrega de cestas básicas e kits de higiene. Voluntárias que trabalham por conta própria — como Camila*, moradora do Beira Rio, e Leonilda Tolomeotti, moradora do Campina da Barra — também ajudam nas distribuições para famílias em necessidade. Leonilda ainda tem um projeto à parte, que começou há mais de três anos, entregando marmitas para catadores de papel. A voluntária percebeu que a demanda aumentou com a pandemia e mesmo fazendo de 30 a 40 marmitas toda semana, não consegue atender todos que procuram pelo projeto. “Comecei sozinha, porque sempre quis fazer um trabalho social que ajudasse outras pessoas. Mas precisamos de mais doações, principalmente para as misturas, embutidos, carne, ovo, etc, ou parcerias para expandir o projeto”, explica.

Voluntários lutam para amenizar os efeitos da fome
Projeto “Solidárias Festinhas” entregando cestas básicas na região do Tupy, em Araucária. Foto: divulgação

Como ajudar

É possível ajudar nas iniciativas de combate à fome em Araucária. Para ajudar os projetos liderados pela CUFA, basta conferir as informações divulgadas no site oficial (cufapr.com.br), Facebook (@CUFAPARANA) e Instagram (@cufa_pr).

Para ajudar Leonilda no projeto de marmitas ou distribuição de cestas básicas, é possível doar pelo PIX, entregando na casa da voluntária ou enviando o endereço para que uma equipe busque as doações. A chave Pix é o e-mail le_onik@hotmail.com, uma conta no Mercado Pago dedicada exclusivamente ao recebimento de doações para o projeto. O endereço para entrega de alimentos é na rua Arthur Ferreira, número 158 A, bairro Campina da Barra, próximo ao Salão Versatily. O Whatsapp/celular para pedir que alguém busque as doações é (41) 99916-1324.

*Sobrenome ocultado para proteger identidade da entrevistada

Texto: Laís A. almeida com supervisão de Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1265 – 10/06/2021

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