A palavra paráclito certamente não faz parte do nosso vocabulário usual, aliás, talvez muitas pessoas nem sequer ouviram falar nesse nome e, portanto, não fazem a mínima ideia do que seja. No entanto, na antiguidade, essa palavra era muito conhecida, sobretudo, no âmbito da justiça. Quando um réu era julgado no tribunal, geralmente tinha que se defender com os seus próprios argumentos ou através do testemunho de outras pessoas. A figura do advogado não existia. Mas, se alguém estivesse sendo condenado, mesmo que fosse inocente e, alguém do meio da plateia, de boa índole se levantasse, se colocando ao lado do réu, esse imediatamente era absolvido. Bastava levantar, para dizer com esse gesto, que aquela pessoa era inocente. O sujeito que se levantou, em silêncio, era chamado de paráclito.
Esta imagem do paráclito que se colocava ao lado do réu, foi transportada para o cristianismo, para designar a presença Espírito Santo que nos conforta, consola e, mais do que isso, nos defende. É o Espírito Santo, que também é chamado de Defensor, de alguém que nos fortalece e nos anima, especialmente naquelas horas em que nos sentimos sós, incompreendidos e desolados. Ou então, quando as agruras da vida, e, por vezes, os ataques e ameaças externas nos paralisam, é ele o nosso consolador. Ele assume diversos nomes, mas, é sempre o paráclito, que está ao nosso lado, se nós a ele requerermos e buscarmos a sua presença e a sua compreensão.
É o paráclito que sempre esteve ao lado da Igreja, que, ao longo destes dois milênios, muitas vezes parecia andar a deriva. Tivemos papas, bispos e padres, no mínimo questionáveis, mas a Igreja permaneceu intacta e de pé, porque o Paráclito esteve sempre ao lado dela. O próprio Jesus afirmou dizendo que não deixaria sós os seus apóstolos e nem aqueles seus seguidores, mas que, enviaria o paráclito, que estaria ao lado deles, falando em seu nome. E isso sempre animou a Igreja, na certeza de que ela nunca findará, nunca sucumbirá, porque é o Espírito Santo, o Paráclito que a conduz, sobretudo, nas horas mais árduas e difíceis.
Esse Paráclito que estar também, ao lado de cada um de nós, para nos defender e nos proteger contra as injustiças da vida, ou, das situações inesperadas da nossa existência. Nós sempre rezamos, pedindo a sua vinda entre nós, ao nosso lado, suplicando: ‘vem, Espírito Santo, vem’. Nunca coloquemos dúvidas na força e na ação do Paráclito, pois, ele estará sendo ao nosso lado, quando suplicarmos a sua ajuda.
O Espírito Santo, o Paráclito, sempre esteve na Igreja, ao longo da sua história, protegendo-a a defendendo-a. Ele também orienta, aponta o caminho, por isso, precisamos saber discernir os sinais do Espírito Santo. Isso requer silêncio, oração, para que ele possa se manifestar na vida da Igreja e na nossa vida pessoal. Neste tempo de Sínodo, ou seja, caminhar juntos, nós o invocamos para que aponte o melhor caminho, a melhor direção para a vida da Igreja. Assim também na família, o pai, a mãe, os filhos, deveriam sempre pedir a sua orientação. As grandes decisões da vida deveriam ser movidas por sua ação. Quando nos deixamos guiar por ele, deixando que ele esteja ao nosso lado, caminhe conosco, certamente nos apontará a melhor decisão para tomar.
Edição n. 1362