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A história daqueles gregos pagãos que vieram de longe para ver Jesus, serve para que o Mestre aprofunde o que significa ver a sua pessoa. Ver não é apenas algo externo, como a cor dos cabelos, o seu corpo, o seu sorriso, enfim, aquilo que se vê pela aparência, mas, muito mais do que isso, significa entrar na sua profundidade. É conhecer Jesus na sua essência, naquilo que ele é, naquilo que representa a sua missão. O Mestre responde aos gregos, através de André e Filipe, usando a imagem do grão de trigo. Se ele não cair no chão e não morrer, não produzirá fruto e ficará só. E prossegue dizendo que o Filho do Homem veio ao mundo para dar a vida e, se alguém quiser segui-lo, deverá também compreender essa máxima do evangelho. E conclui sua reflexão, enaltecendo aquilo que é próprio de Jesus neste mundo, ou seja, que ele não veio para condenar, mas para salvar o mundo.

A pessoa de Jesus se resume em entrega, doação total, amor sem limites, que quer o bem de todos, especialmente daqueles mais sofredores. Ver Jesus significa penetrar naquilo que é sua essência: morrer para si, produzindo muitos frutos, dando a vida pelos outros. E sua vida foi toda impregnada por um amor extremo, uma compaixão que não julga, não condena, pelo contrário, vai ao encontro dos pecadores e dos doentes. Alguém que ama de modo preferencial os mais excluídos da sociedade e quer a dignidade de todos. Para tanto, assim como o grão de trigo, faz-se necessário morrer para si mesmo, para o egoísmo, para o individualismo e abrir-se àqueles que mais necessitam da nossa presença. Morrer para si mesmo leva a pessoa a produzir muitos frutos de amor, de doação, de entrega, em prol dos outros.

Quando alguém vê Jesus, ou seja, quando faz o encontro pessoal com o Mestre, sua vida realmente se transforma. É impossível, é contraditório alguém dizer que ama a Jesus, que sua vida toda está nas suas mãos, e, ao mesmo tempo ser um tremendo egoísta. Isso claramente mostra a distância entre a pregação e a ação. Infelizmente, muitas pessoas falam bonito, impressionam os outros levam-nos até as lágrimas, mas, ao mesmo tempo, fazem bem o contrário daquilo que pregam. Existe um velho ditado que diz: as palavras comovem, mas os exem0los arrastam. Quando alguém vê Jesus, ou seja, se encontra intimamente com ele, existe dentro dele uma verdadeira transformação.

Uma mãe que morre para si mesmo e se coloca por inteiro a serviço do filho que necessita, com certeza, está produzindo muitos frutos. O pai que deixa de tomar sua cerveja para comprar a comida para seus filhos, está produzindo muitos frutos. O leigo que dispõe de seu tempo para a comunidade de modo livre e gratuito, está produzindo muitos frutos. Toda vez que saímos de nós mesmos, nos colocando disponíveis aos outros, estamos produzindo muitos frutos. Foi isso que Jesus fez durante toda a sua vida. Estava sempre pronto para ajudar os doentes, a curar os enfermos, a expulsar os demônios, a partilhar o pão, sem ganhar nada em troca. A gratuidade nos torna homens e mulheres cheios do amor de Deus. O egoísmo, pelo contrário, nos afasta da proposta pregada pelo Mestre da Galileia.

Diariamente somos convidados a ‘ver Jesus’, ou seja, a morrer para aquilo que nos torna fechados em nosso pequeno mundo, indo ao encontro do outro. A alegria que brota do evangelho sempre nos leva para fora, em saída, ao encontro de quem mais necessita. E é ali, no amor gratuito, voluntário, que nos realizamos como seres humanos. A boa nova do evangelho sempre nos conduz para fora. No encontro com o outro nós encontramos o verdadeiro sentido da vida. Mas aquele encontro que faz morrer para aquilo que somente nos convém e pensar no bem do próximo. “Ver Jesus” é aceitar a sua proposta do Reino e ser no mundo um instrumento de amor, de doação, de entrega plena. Semeemos sempre o bem, não importa a quem.

Edição n.º 1406

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