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Evandro Leão: O poder da vela
Foto: Divulgação

Nas noites escuras e sem luz, lembramos que podemos acender uma vela, um recurso que antigamente quase não faltava nas gavetas de nossas casas. Nunca esquecerei das vezes que minha avó Nina gritava: “Vando, corre lá e acende uma vela, que eu não enxergo nada!” Como eu amava aquelas noites! Ninguém podia assistir nada na TV, não tinha luz, mas tinha muita prosa ao redor daquele palito fino de cera, de uma chama tímida, porém vívida, que enfeitava e aquecia as histórias de tempos longínquos da minha vozinha. Não só ali a vela me despertava atração, como quando eu ia à missa, tudo aceso à luz do dia, sempre me perguntava: “Por que onde se reza tem vela?”

Mais que queimar cera ou parafina, ou afugentar mosquitos quando a vela é de citronela, acender uma vela é um gesto de fé. Isso porque quem precisa de luz não é o santo, ou o anjo de devoção, mas é aquele momento sombrio que pode insistir em estar em sua vida. E quando você firma uma vela, com um pedido ou um propósito do seu coração, enquanto a vê queimar ou lembra que ela está lá a iluminar simbolicamente aquela causa, espiritualmente você se mantém mais ligado e focado na direção da sua energia.

Sim, quem acende uma vela com fé num pedido, tem grandes chances de tê-lo atendido, por quem você pediu luz de amparo (santo, anjo, guia). A vela não é mágica e não é ela que faz qualquer milagre, mas é um meio eficaz para disciplinar e intencionar seu pensamento no momento da prece. É quase como permitir que sua mente não divague tanto no momento do desejo e foque ao máximo no aqui e agora.

Até para mortos se acendem velas; Finados está aí para nos lembrar do dia em que corremos ao mercado para comprar a bendita parafina. Mas morto precisa de luz? Não, espíritos precisam de preces em qualquer tempo, pois aqui ou lá a gente nunca sabe quando se pega num momento escuro. Vale apostar na boa intenção e acender suas velas com amor.

E qual a melhor cor da vela? Qualquer uma. Ou a cor que melhor represente seu pedido dentro do seu contexto imaginário ou de crença. Não é a cor que traz a luz, é a chama. E não é a chama acesa que traz o efeito da vela, é a fé na prece. Há aqueles que nem precisam de vela para clarear sua mente ou sua oração nos momentos de escuridão.

Eu, particularmente, não abro mão. Amo ritualizar minha prece como forma de me disciplinar. Acender uma vela fisicamente para mim me faz sempre lembrar que, quando estou espiritualmente me sentindo desamparado, posso espantar mosquitos astrais e ativar um gatilho que rapidamente incandesce a luz dentro de mim. “Vando, posso acender vela dentro de casa?” Claro que pode! Quando acabava a luz elétrica na sua casa e você acendia uma vela, ela se enchia de fantasmas? Menos paranoia e mais luz para sua vida. Sigam-me no @tarodafortuna.

Edição n.º 1426.

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