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Venezuelanos que vivem em Araucária condenam resultado das eleições no seu país

Venezuelanos que vivem em Araucária condenam resultado das eleições no seu país
Foto: Divulgação

Um dia após as eleições presidenciais, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a vitória de Nicolás Maduro para um novo mandato como presidente do país. O resultado, no entanto, foi contestado por opositores e, desde então, o mundo todo tem acompanhado com tensão os desdobramentos do cenário político venezuelano.

Toda a questão gira em torno de dois pontos principais: a falta de transparência na contagem de votos e a forma truculenta com que opositores e manifestantes populares vêm sendo tratados.

Os números divulgados oficialmente pelo CNE apontam que Maduro teria vencido as eleições com 51,2% dos votos. A oposição, por sua vez, afirma que os números foram fraudados e que Edmundo González seria o verdadeiro vitorioso, com cerca de 70% da preferência dos eleitores venezuelanos. O impasse gerou protestos no país e chamou a atenção de nações do mundo todo.

A crise política também tem preocupado os venezuelanos que atualmente moram em Araucária. É o caso da Kerineth Del Jesus Flores Meza, 30 anos. Ela veio para o Brasil em 2019 e hoje se diz uma venezuelana orgulhosa de morar no país. “Saí da Venezuela em busca de um futuro melhor para meus filhos. Tivemos que abandonar nossa terra porque estávamos passando fome. Meu marido e eu ficávamos dias sem comer para que minha filha e meu filho tivessem comida todos os dias”, relata Kerineth. Ela tem cinco filhos, dois nascidos na Venezuelana e três no Brasil.

A venezuelana encara as eleições no seu país como uma fraude total. “Roubaram as esperanças de todos nós e isso dói muito. Não pretendo voltar para lá, só queria que o atual governo caísse para eu poder viajar em segurança, porque pretendo levar meus filhos brasileiros para o meu pai conhecer. Aqui no Brasil eu sei que meus filhos terão um futuro melhor, um ótimo sistema de saúde à disposição e boa comida. Agradeço muito o Brasil por ter me dado a oportunidade para criar meus filhos com dignidade”, declarou.

Diveana Rihuvanny Carvajal Lancken, 31 anos, tem 4 filhos e saiu da Venezuela em junho de 2022, chegou no Brasil no dia seguinte e desembarcou em Araucária no dia 05 de agosto. Ela relata que decidiu sair do seu país porque a situação estava insustentável. “Estávamos passando necessidade, havia falta de comida para minhas crianças, não tínhamos onde comprar alimentos. A gente passava mal devido à fome e não tinha onde comprar medicamentos, muito menos hospitais funcionando para buscarmos atendimento. A gente usava remédios caseiros e naturais para aliviar um pouco o sofrimento”, lamenta.

Diveana criticou de forma contundente o processo eleitoral na Venezuela. “Tenho muita raiva, é uma burla (fraude) o que fez esse governo malvado, o povo está passando necessidade, fome, falta de medicamentos, falta de vestimentas e de educação. Isso vai matando as pessoas aos poucos, como se fossem animais sendo abandonados. E não adianta reclamar seus direitos porque os governantes não se importam e seguem ceifando o povo. É como viver em uma ditadura e enquanto não mudar o sistema de governo, não tenho pretensão nenhuma de voltar para lá”, afirma.

Ela diz que não pretende voltar porque o Brasil tem oferecido uma vida bem melhor para a sua família. “Por culpa desse governo que está lá, tive que vender minha casa com tudo que tinha dentro para vir para o Brasil em busca de uma vida melhor. Aqui ainda não consegui comprar uma casa, mas as condições de vida são incomparáveis”, declara.

“Penso em voltar para a Venezuela quando as coisas estiverem melhores por lá, pois deixei mãe, pai, filho, avós. Estamos frustrados com o resultado das eleições, havia uma grande esperança de mudança a partir de um novo sistema de governo. É visível para nós que houve manipulação dos resultados, e as consequências tem sido desastrosas. Há mortes acontecendo, um medo entre a população e isso inclui quem está fora do país. Não podemos falar abertamente sobre o que está acontecendo, pois isso pode resultar em represálias aos nossos familiares que ficaram lá”. O relato é de um venezuelano de 31 anos que está morando em Araucária e prefere não se identificar.

Ele conta que veio para o Brasil em 2018, primeiramente morou em Tijucas do Sul até conhecer uma brasileira em Araucária, então ele se casou com ela e veio morar na cidade. “Fui bem recebido, tenho meu trabalho e levo uma vida bem melhor e mais digna”, afirmou.

Edição n.º 1427.

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