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Padre André Marmilicz: A quem iremos nós, Senhor?
Foto: Divulgação

No capítulo 6 do evangelho de João, Jesus discorre sobre a importância do pão na vida de todos seres humanos. O pão é, talvez, a única comida que é universal. Ele é o símbolo do alimento que deverá estar à mesa de todos os povos e de todas as pessoas. Depois de ter multiplicado os pães e saciado a fome de muita gente, ele direciona toda a sua reflexão para um outro pão: o pão da vida eterna. O pão material nutre a fome naquele momento, mas, depois a pessoa volta a sentir a necessidade de comer novamente. E, Jesus vai afirmar que este pão mata a fome para sempre. Ele então se apresenta como o verdadeiro pão, o pão descido do céu, quem a ele vem, não terá mais fome e quem nele crer, nunca mais terá sede.

Na medida em que Jesus vai se manifestando como o verdadeiro pão, e, quem comer da sua carne viverá para sempre, ele apresenta as exigências do seguimento. Comer o pão que é Jesus, crer nele, significa se identificar com ele, ou seja, viver como ele viveu, amar como ele amou, se doar aos outros como ele se doou. Não basta comer deste pão, como se fosse algo mágico, mas, é preciso deixar que ele nos transforme e mude radicalmente a nossa vida. E isso requer uma verdadeira transformação interior e de comportamento, nem sempre fácil e tranquilo. E, diante de tudo, desse compromisso e dessas exigências, muitos começam a se afastar dele e o abandonam. Na verdade, para Jesus não foi surpresa, pois, ele sabia perfeitamente que muitos o procuraram somente por causa do pão material, e, não por causa dos sinais por ele realizados.

Diante do afastamento de muitos, Jesus indaga os apóstolos a respeito do seguimento a ele. ‘Vocês também querem me abandonar?’, essa foi a pergunta dirigida a eles. Naturalmente, eles poderiam abandoná-lo e seguir outros caminhos, pois, Jesus nunca obrigou ninguém a segui-lo. Ele sempre respeitou a liberdade de todos, pois, cada ser humano é livre em escolher o caminho que quer seguir. Vemos então Pedro, que se levanta, e de modo decidido e entusiasta responde: ‘a quem iremos nós, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna’. Foi uma extraordinária prova de fé, manifestada de modo tão consciente, convicto, sem sombras de dúvidas ou de receios. Ele se manifesta, com certeza, expressando o mesmo que se passava entre os demais apóstolos. Tanto é verdade, que, exceto Judas, os demais se doaram plenamente por ele, morrendo pelo evangelho, dando a vida pelo seu projeto.

Assim como há dois mil atrás, hoje Jesus continua a passar em nossas vidas, nos chamando a segui-lo. E, diante das exigências, ele também nos desafia: ‘você quer me abandonar?’ E a resposta deve ser diária, através da nossa vida, do nosso comportamento, das nossas atitudes e do compromisso de amor aos irmãos. A sua mensagem é dura, no sentido de que nos desafia a mudança diária de vida. Somente na medida em que saímos de nós mesmos e vamos ao encontro do outro, é que nós somos capazes de compreender o seu evangelho. Quem permanece fechado em si mesmo, nas suas coisas, naquilo que lhe apraz, de modo egoísta e individualista, este está longe do Reino de Deus. Perder a vida por causa de Jesus, é o mesmo que doar-se plenamente a serviço dos outros, sobretudo, dos mais necessitados e sofredores. Mas, vale a pena, pois, ele mesmo nos garante, uma vida abundante nesse mundo e mais a vida eterna.

Edição n.º 1429.

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