Antes de tudo, houve um chamado. Um acordo silencioso entre sua alma e a existência. Você escolheu reencarnar. Escolheu nascer, chegar a essa Terra, ocupar um corpo, atravessar um tempo, tocar vidas e ser tocado por elas. Não foi por acaso. Nenhum nascimento é.

Quando chegamos aqui, não trazemos apenas um nome e uma história por escrever — carregamos um propósito, uma herança espiritual e uma missão que pulsa, mesmo quando esquecemos dela.

Desde o primeiro choro, já há sobre nós uma camada de expectativas. Será que vai parecer com o pai ou com a mãe? Vai andar antes do primeiro ano? Vai falar cedo? Essas perguntas inocentes abrem caminho para um ciclo sutil de cobranças que se estende ao longo da vida.

Aos 7 anos, esperamos que a criança leia. Aos 18, que escolha um caminho. Aos 30, que já tenha “dado certo”. E assim, o aniversário, que deveria ser um portal de celebração da vida, muitas vezes vira um lembrete daquilo que ainda não se alcançou.

Por muito tempo, vivi aniversários como metas. Era como se precisasse ter uma resposta definitiva para quem sou, ou entregar algum feito concreto para merecer os parabéns. Como se o aniversário fosse um boletim da alma: “Será que fui bom o suficiente esse ano para merecer comemoração?”

Foi nesse movimento que compreendi, de forma muito íntima, o que é o chamado inferno astral. Aqueles 30 dias que antecedem nosso aniversário, e que tantas vezes trazem melancolia, perdas, revisões, não são azarados — são sagrados. São um chamado para dentro. Um convite da alma para refletir: estou vivendo de acordo com meu propósito? Ainda busco aprovação externa? Ainda tento merecer existir?

Na próxima sexta-feira, 16 de maio, completo 33 anos. E algo mudou profundamente. Pela primeira vez, não sinto a urgência de provar nada. Eu celebro por estar aqui. Eu me honro. Eu me aplaudo internamente. Sinto orgulho do homem que sou, do mentor espiritual que escolhi ser, do terapeuta que acolhe almas e do esposo que constrói um lar com amor.

Percebi que a verdadeira festa é interna. Um rito de passagem silencioso. Às vezes regado a lágrimas, outras a sorrisos, mas sempre carregado de sentido. E não importa se haverá bolo ou muitos convidados — porque a celebração da vida não exige cenário, apenas presença.

Cada aniversário é um retorno simbólico ao ventre, ao espírito e à missão. Um lembrete de que ainda estamos aqui. E só isso já é milagre suficiente.

Meu conselho a você, futuro aniversariante, é: não viva para agradar datas ou cumprir cronogramas. Você não precisa ter uma conquista visível para ser celebrado. A vida, por si só, é motivo de festa. O simples fato de ter atravessado mais um ciclo com consciência, coragem e amor já é digno de honras.

E se puder, ao soprar as velas ou silenciar em oração, diga a si mesmo:

“Eu celebro por estar aqui. Eu sou a minha maior conquista.”

Se gostou do conteúdo, acompanhe-me nas redes sociais: @tarodafortuna no Instagram e TikTok.

Edição n.º 1465.