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Na linguagem teatral, o substantivo tragédia refere-se ao gênero de peças cujo desfecho é um acontecimento funesto. No sentido figurado, tragédia é uma cena ou acontecimento triste, grave ou perigoso. Quando dizemos que ocorreu uma tragédia, nos referimos a uma catástrofe ou desgraça que presenciamos ou da qual ouvimos falar. E como dimensionamos a importância que atribuímos às diferentes tragédias? Formamos nossa sensibilidade ao trágico pela personalidade que nos é inerente e que foi sendo moldada nas experiências que vivenciamos. Nosso meio social e cultural também tem uma influência decisiva na maior ou menor sensibilidade para os diferentes tipos de tragédia, pois pode tornar rotineiros acontecimentos que a maioria das pessoas classificaria como horrendos. Neste mundo de informação globalizada, há uma forte influência dos meios de comunicação de massa na construção de um maior impacto para determinados fatos e na amplificação do choque que nos atinge. Não é viável sequer imaginar que possamos viver isolados de tudo e de todos, ou mesmo ignorando os acontecimentos que ocupam enormes espaços nos meios de comunicação. “Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente.” escreveu o poeta John Donne. Aceitando como verdadeira a premissa do poeta, pois somos o resultado das influências que recebemos desde que habitávamos o ventre de nossas mães, necessariamente temos que conviver com o todo. Assim procedendo, teremos as influências positivas que levam ao progresso social e também receberemos o bombardeio das tragédias veiculadas à exaustão. Acredito que é necessário filtrarmos as indignações que querem nos impor, sem nos alienarmos. Precisamos construir um critério interno sólido para avaliar as tragédias e identificar os meios de evitá-las. É válido cobrirmos nosso perfil com as cores da França em solidariedade aos cruéis e injustificáveis ataques terroristas ocorridos em Paris, desde que não deixemos de ver que a motivação está além do pretenso radicalismo religioso. Outros acontecimentos trágicos acontecem próximo a nós a cada momento. Fanatismo sempre houve e dificilmente deixará de existir, mas o violento extremismo parece ter origem nas violentas intervenções militares e culturais perpetradas nos países dos atuais terroristas. É preciso manter nossa sensibilidade também para as tragédias que nos cercam e que nem sempre são tão enfocadas pela mídia. “… a morte de qualquer homem me diminui, porque faço parte integrante da humanidade; portanto nunca pergunto por quem dobram os sinos; dobram por mim.” escreveu ainda John Donne.

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