Por muito tempo foi terra dos Tinguis
Que residiam em covas abertas no chão.
Era Tindiquera onde viviam esses Tupis
Caçando, pescando e comendo pinhão
Homens pardos, indígenas e brancos
Em busca de terras, escravizando o irmão
Com as indígenas se uniram, viraram caboclos
Vivendo com os pés direto no chão
O ouro das minas trouxe os tropeiros
Abrindo caminhos no nosso lindo rincão
Cruzavam o Iguaçu bois, mulas e cavalos
No Passo das Laranjeiras criavam profissão
Com cultura e história os negros resistiram
Lutando e vencendo a horrível escravidão
Com conhecimento e ativismo persistiram
Somos todos iguais, nos ensinam com a razão
Na Freguesia do Iguaçu, tempos eram diferentes
Tinha muitos viúvos, mas viúva era exceção
Homens viviam menos, elas menos que eles
Muitas morriam no parto, deixando outro coração
Na antiga Freguesia, todos dependiam dos animais
Em mulas e cavalos, por estradas de difícil circulação
Pro litoral levavam erva-mate, fumo, couro e cereais
Traziam mantimentos, ferramentas e notícias de montão
Para cruzar o Iguaçu, construíram linda ponte
Melhoraram estradas e queriam a escolarização
Até o Imperador nos visitou em traje elegante
Queria conhecer as maravilhas da colonização
Os poloneses procuravam pela terra prometida
Seria Thomaz Coelho a herança de Abraão?
Trouxeram carroções, arados e outra comida
E o coração polaco que vai de geração em geração
Igreja Ortodoxa, calendário e alfabeto ucraniano
Povos eslavos que traziam no peito outra religião
Haiuka, didukh e pêssankas vão marcando o ano
Kasha, kutiá, holopti e perohê servidos no sertão
Os italianos se sentiam em casa com seus amigos
A língua aproximava, visitar é parte da tradição
Nas festas gaitas, cantorias, brincadeiras e jogos
Nunca faltava vinho, frango, polenta e macarrão
Na antiga usina de luz, nas primeiras serrarias
Os alemães impulsionaram a industrialização
No natal pinheiro enfeitado e presentes às crianças
Quem não conhece esse antigo costume alemão?
Matemática, culinária, língua e arquitetura
De mascates a lojistas, empreendedores por vocação
Antes do primeiro árabe veio a nós a sua cultura
Depois casamento, filhos e netos na nova nação
Da terra do sol nascente às paragens paulistas
Juntaram recursos, decidiram pela reimigração
Os japoneses aqui investiram em técnicas modernas
Hortifrutigranjeiros produzidos com dedicação
Ingleses, franceses e portugueses imigrantes
O Velho Mundo atraído pela nossa urbanização
As avós criavam lindos álbuns de fotos marcantes
Com netinhos que representavam a miscigenação
No campo caboclos e colonos a erva-mate sapecavam
De costume indígena virou produto de exportação
Nos barbaquás secavam, cancheavam e embalavam
Levados ao engenho, depois trem, navio e chimarrão
Na floresta quem reinava era a nossa Araucária
Que alimentava povos e mais povos com o pinhão
Pinheiro, cedro e imbuia deitados na serraria
Deixando da antiga mata apenas uma recordação
Araucária sempre fabricou muitos produtos
Massa de tomate, linho e invólucros de proteção
As velhas indústrias nos deixaram seus tributos
Conhecimentos usados na nova industrialização
Em Araucária se instalou a grande Refinaria
Trazendo investimentos e rápida urbanização
Produzindo derivados de petróleo, quem diria?
Levamos energia, riqueza e impostos à nação
Atraídos por oportunidades de empregos
Migrantes de todos os estados da federação
Vem cultura, histórias, sonhos e aprochegos
Reconstruindo o nosso conceito de cidadão
Ainda hoje refugiados de países distantes
Buscam em Araucária por estendida mão
Pensando no amanhã, no hoje e no antes
Nós saberemos calçar o sapato do irmão!
Araucária terra de vários povos migrantes
Faz história com diversidade e miscigenação
Na escola as crianças aprendem a todo instante
O lindo está no diálogo, respeitando cada cidadão!
Edição n.º 1396