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Araucarienses encararam quase 3 mil km de viagem para assistir à posse de Lula

Araucarienses encararam quase 3 mil km de viagem para assistir à posse de Lula

Milhares de brasileiros foram à Esplanada dos Ministérios no dia 1º de janeiro acompanhar de perto a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Muitos percorreram centenas e milhares de quilômetros para participar deste momento histórico, que marcou o retorno de Lula à Presidência pela terceira vez.

O professor da rede municipal de ensino de Araucária, Gilmar da Silva, 42 anos, foi um deles. Ele disse que percorreu 3 mil quilômetros em carros de aplicativos ou de carona e fez questão de frisar que prestigiou a posse como militante do PT e não como representante de sindicato (Sismmar – sindicato dos professores de Araucária). Gilmar não conseguiu ficar muito próximo da entrada do Palácio do Planalto e chegou a subir em uma árvore para buscar uma visão melhor e tentar ver o presidente Lula subir a rampa.

Araucarienses encararam quase 3 mil km de viagem para assistir à posse de Lula
Foto: Divulgação. Professor Gilmar optou por carros de aplicativos de carona.

“Saí de Araucária dia 27/12 e fui até Itapevi (SP), lá passei duas noites, depois segui para Uberlândia (MG), onde passei mais uma noite e no dia 29 segui para Brasília.  Foi uma experiência incrível ver o presidente assumir pela 3ª vez depois de tudo o que aconteceu com ele, depois da prisão, depois da humilhação. Fiz questão de ir como forma de agradecimento por tudo o que ele fez pelo povo brasileiro, tudo o que ele fez pelos pobres, pelos mais humildes. Se hoje tenho um diploma universitário, se hoje sou concursado, se sou professor formado, é tudo graças as políticas públicas que ele implementou no Brasil. Fiz faculdade pelo PROUNI, que é o Programa Universidade Para Todos, e também passei no concurso de Araucária pelo Programa de Cotas Raciais, são dois momentos da minha vida profissional que se não tivesse tido esses programas do governo do PT, eu não teria chances, talvez estaria lá trabalhando como servente de pedreiro, ou como pedreiro, ou talvez até como mestre de obras. Nada contra essas profissões, mas eu consegui realizar o sonho que eu sempre quis, o sonho de ser professor e o sonho da minha família. Sou o caçula e o primeiro a concluir uma universidade, se formar. Foi muito gratificante, as pessoas pensam que a gente é louco, é fanático, que a gente não pensa quando vai pra uma aventura dessas, eles não pensam em todos os benefícios, tudo aquilo que ele fez por nós”, declara o professor.

Também presente na multidão de pessoas que acompanharam a posse de Lula, a estudante de Direito Nataly dos Santos Marcondes, 19 anos, descreveu o momento com apenas uma palavra: emocionante! “Viemos de um golpe no governo Dilma, 4 anos de governo Bolsonaro, e de praticamente um ano de pré-campanha e campanha, nos empenhamos muito para que, principalmente a população de Araucária, que é mais próxima a nós, entendesse a necessidade de tirar o Bolsonaro da presidência e trazer novamente esperança para o Brasil. Me refiro a ‘nós’ no plural pois foi uma luta coletiva, um trabalho significativo do PT de Araucária e de seus simpatizantes. Viajamos para Brasília em quatro pessoas, eu, minha mãe Hosana Marcondes, meu pai Osvaldo Marcondes (presidente do PT Araucária) e meu irmão Emanuel Marcondes. Saímos de Araucária no dia 28/12/2022, por volta das 5h da manhã, passamos a noite em um hotel em Ribeirão Preto (SP) e no dia seguinte seguimos viagem até Brasília. Optamos por ir de carro, pois essa aventura estava programada desde março de 2022, tamanha era nossa fé na vitória de Lula. Foram 725 km até Ribeirão Preto, alternando o condutor entre nós três, que somos habilitados. Chegando lá conseguimos conhecer um pouquinho do centro da cidade, e no dia seguinte mais 730 km até Brasília. Chegamos por volta das 20h. Muito cansativo, mas olhando a paisagem, com trilha sonora e bom humor, deu tudo certo”, conta a jovem.

Araucarienses encararam quase 3 mil km de viagem para assistir à posse de Lula
Foto: Divulgação. A estudante Nataly viajou com toda a família, de carro próprio.

Nataly conta que a família chegou na fila da revista às 08h da manhã do dia 1º e conseguiu entrar na área em frente ao Palácio do Planalto, onde cabiam apenas 40 mil pessoas. “A previsão para o Lula chegar até lá e receber a faixa era 16h30, durante o dia todo ficamos mais ou menos no meio da Praça dos Três Poderes, e chegando próximo do horário, fomos mais pra frente. Quando ele finalmente subiu a rampa, vimos pelo telão, pois tinha realmente muita gente. Mas só de estar ali presente, cantar o Hino Nacional com Lula empossado, resgatando um orgulho da Pátria, já valeu a pena demais. A segurança estava bem reforçada. Havia uma primeira revista mais tranquila, depois antes de passar pelo Congresso tinha muitos policiais, detector de metal, tanto daqueles fixos iguais dos aeroportos, quanto portátil, para passar nas bolsas. Nos sentimos muito seguros. É claro que houve falhas também na minha visão, na Praça em frente ao Palácio não havia nenhuma sombra, foi o dia todo debaixo do sol, os postos de água superlotados, 4 postos para 40 mil pessoas, e a estrutura dos shows estava gigantesca, porém não tivemos pique pra assistir, infelizmente”, comenta Nataly.

Por fim, a estudante disse que compartilha suas experiências na militância como uma forma de guardar esses momentos num arquivo pessoal. “Se com isso posso incentivar os jovens a se interessarem por política e a lutarem por um país e um mundo mais justo e igualitário, fico muito feliz. Lembro de umas das falas do presidente para a juventude, que é mais ou menos assim, ‘se você não acredita na política e nos políticos de hoje, faça política e seja o político de amanhã, as mudanças só acontecem se agirmos, pode parecer clichê, mas nós somos o futuro’”.

Professora da rede municipal de Araucária e dirigente sindical (atua na Comunicação do Sismmar), Lismara de Oliveira, 53 anos, foi de ônibus para Brasília, com passagem comprada em julho. “Comprei a passagem bem antes porque sempre acreditei que iríamos ganhar. Cheguei em Brasília no dia 26/12 e posso dizer que foi muito importante ter ido, principalmente para estar entre os nossos, e representar quem não pode ir. É uma vitória do povo, do povo trabalhador, das pessoas que acreditam em um país melhor, o melhor para nós, o melhor para nossos filhos, para nossos netos, para as pessoas que acreditam que a diversidade é o que a gente tem de melhor no nosso país. Foi muito lindo estar ali, tinha muita gente, parecia uma grande família vermelha. Várias pessoas diferentes, tinha um clima de amorosidade, todo mundo se ajudando, foi muito legal. As melhores cabeças do país estavam lá para a posse, muitas delegações estrangeiras. Foi uma experiência maravilhosa. Foi muito enriquecedor participar desse momento histórico. Nós do sindicato, que sempre lutamos por justiça social, estávamos lá representando várias pessoas que não puderam ir”, declarou a professora.

Araucarienses encararam quase 3 mil km de viagem para assistir à posse de Lula
Foto: Divulgação. Professora Lismara foi de ônibus, junto com o filho e amiga.

Mesmo não conseguindo chegar muito próximo ao presidente devido a multidão, Lismara conta que conseguiu ver o momento em que ele passou dentro do carro presidencial, bem pertinho do povo. “O importante pra mim foi participar mesmo desse momento histórico, porque sempre participei das vigílias, sempre soube que ele (Lula) era inocente, sempre acreditei que a gente iria voltar. Porque quando o Lula foi eleito, não foi só ele que se elegeu, dessa vez fomos todos nós. Na vigília lutamos, sofremos discriminação por sermos de esquerda, por termos um pensamento mais progressista. Eu não estava lá sozinha, era uma legião, um mar de gente”, comentou. A professora viajou acompanhada do filho de 20 anos que, segundo ela, nasceu quando Lula foi eleito, e de uma amiga de 30 anos, que assim como ela, acompanhou a transformação do País. “Foi emocionante ter trazido meu filho e minha amiga de tantos anos, a gente viu a transformação desse país, tudo o que aconteceu nesses últimos 30 anos, juntas. Lá também encontramos muita gente bacana da educação. Brasília estava em festa, estava todo mundo muito feliz, muito aliviado de ter saído de um governo fascista, um governo que só tirou direitos, que só queria o nosso mal, principalmente a nós, trabalhadores”.

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