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Baixa umidade do ar contribui para o aumento de doenças respiratórias

Baixa umidade do ar contribui para o aumento de doenças respiratórias
Foto: Divulgação

O inverno é geralmente a estação mais seca do ano, com chuvas menos frequentes, e por essa razão, a umidade relativa do ar tende a ficar em níveis mais baixos. Durante a estação, há dias menos ensolarados, temperaturas menores, menos evaporação, menos condensação, menos nuvens e menos chuvas. Isso contribui para que a umidade relativa do ar apresente níveis reduzidos, favorecendo o aparecimento de problemas respiratórios, alergias, irritações nos olhos, gripes, entre outros. Isso ocorre porque mais partículas de poluentes ficam suspensas no ar, que se reduzem quando acontecem pancadas de chuva. Simplificando, seria como se a chuva “limpasse” o ar que respiramos.

O otorrinolaringologista da Clínica IMA – Instituto de Medicina de Araucária, Dr. Rodrigo Hamerschmidt, aponta que ambientes com baixa umidade podem causar irritação nas mucosas das vias aéreas. Essa irritação pode resultar em sintomas como tosse seca, dor de garganta e dificuldade para respirar. “A baixa umidade é particularmente desafiadora para pessoas com asma. O ar seco pode desencadear crises asmáticas, tornando a respiração mais difícil e desconfortável. Além da asma, outras condições respiratórias como bronquite e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) podem ser exacerbadas em ambientes secos. A inflamação das vias aéreas se torna mais intensa, aumentando os sintomas”, explica.

O médico ainda cita como consequências do ar seco a rinite alérgica, que se agrava nesses períodos. O ressecamento das mucosas nasais pode levar ao aumento da congestão, espirros e coceira no nariz. Com o ar seco, as secreções nasais tendem a se tornar mais espessas, dificultando sua eliminação. Isso pode resultar em infecções sinusais devido à obstrução das passagens nasais. A pneumonia também pode surgir com o ar mais seco e baixas temperaturas, pois o risco de infecções pulmonares nesse período aumenta.

“Outro problema associado à baixa umidade é o aumento da suscetibilidade a infecções virais e bacterianas. Com as mucosas ressecadas, o corpo tem mais dificuldade em filtrar patógenos do ar. Durante períodos de seca, observa-se frequentemente um aumento na incidência de doenças respiratórias, especialmente entre crianças e idosos, que são grupos mais vulneráveis. A poluição do ar também pode ser mais prejudicial em condições de baixa umidade. Poluentes se tornam mais concentrados e podem irritar ainda mais as vias aéreas”, salienta.

Ainda de acordo com o médico, o uso de aquecedores no inverno pode agravar o problema da umidade baixa em ambientes fechados. O calor tende a ressecar ainda mais o ar, contribuindo para o desconforto respiratório. “O ar seco pode irritar as mucosas do nariz e da garganta, levando a um aumento da suscetibilidade a infecções respiratórias. Além disso, as temperaturas frias podem causar constrição das vias aéreas, provocando dificuldades respiratórias em pessoas com condições pré-existentes”, completa.

Tome muita água!

O médico Rodrigo Hamerschmidt diz que é muito importante continuar ingerindo bastante água, mesmo no frio. Muitas pessoas têm a impressão de que não precisam beber água quando está frio, mas o corpo ainda perde líquidos pela respiração e pela urina. A hidratação adequada ajuda a manter as mucosas nas vias respiratórias úmidas, o que é essencial para a proteção contra infecções.

“Para prevenir doenças que envolvem o sistema respiratório durante esse período, algumas medidas são eficazes, como a hidratação, já mencionada; uso de umidificadores ou deixar recipientes com água nos ambientes fechados; evitar exposição ao frio, com uso de roupas adequadas e proteger a cabeça e o pescoço; manter uma alimentação saudável, consumindo frutas e vegetais ricos em vitaminas que fortalecem o sistema imunológico; manter as vacinas em dia, especialmente contra gripe e pneumonia; o uso de sprays nasais de solução fisiológica pode ser uma solução temporária eficaz para aliviar o desconforto causado pela secura nasal em ambientes de baixa umidade; em locais onde a baixa umidade é predominante, práticas como evitar fumar ou estar perto de fumaça são fundamentais para proteger os pulmões e melhorar a saúde respiratória geral; manter uma boa ventilação nos ambientes internos ajuda na circulação do ar e na mitigação dos efeitos negativos da secura no sistema respiratório.

“Caso uma crise respiratória já tenha se instalado, os tratamentos mais indicados podem incluir uso de broncodilatadores para aliviar os sintomas de asma ou bronquite; corticosteroides para reduzir a inflamação nas vias aéreas, antibióticos se houver uma infecção bacteriana associada, e inalação com soro fisiológico para ajudar a umidificar as vias aéreas”, cita o otorrino.

Ele lembra ainda que a prevenção é sempre o melhor caminho. Manter-se hidratado e cuidar da saúde em geral ajuda a minimizar os riscos de complicações durante o clima frio e seco. “Profissionais da saúde devem estar preparados para oferecer orientações específicas sobre como gerenciar sintomas relacionados à secura do ambiente durante consultas médicas regulares aos pacientes com doenças pulmonares crônicas. Consultar um médico ao notar agravamento dos sintomas respiratórios durante períodos de baixa umidade é fundamental para receber orientações adequadas e evitar complicações. Se você ou alguém próximo estiver enfrentando dificuldades respiratórias graves, é sempre bom procurar um profissional de saúde”, orienta.

Umidade do ar está abaixo do que recomenda a OMS

A Estação Meteorológica Didático Escolar (Projeto EMEDE) do Colégio Estadual Professor Júlio Szymanski, tem realizado medições constantes de temperaturas, volume de chuvas e níveis da umidade do ar. Segundo o professor de Geografia Marcus Matoso, que coordena o projeto, o fim de semana do dia dos pais foi marcado por baixas temperaturas. “No sábado (10) a Estação registrou 1,7°C com um índice de umidade relativa do ar na casa dos 48%, sendo que a OMS – Organização Mundial da Saúde recomenda como ideal 60% ou mais. A umidade para os próximos dias, segundo a previsão, tende a continuar abaixo do ideal (veja tabela)”, explica o professor.

Ele completa que índices abaixo de 60% indicam que nosso organismo começa a perder muito líquido para equilibrar a temperatura corporal, por isso é importante que tomemos muita água, inclusive no inverno, caso contrário, corremos o risco de uma desidratação. “Vale, inclusive, tomar um chimarrão”, sugere Marcus.

Previsão para os próximos dias

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Edição n.º 1428.

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