Nos últimos dias de uma forma ou de outra fomos alcançados pela notícia de uma usuária do Hospital Municipal de Araucária (HMA) que, em razão de complicações cuja causa ainda não está esclarecida, teve sua gestação interrompida.A notícia causou indignação em alguns, revolta em outros e um sentimento de luto na grande maioria da comunidade araucariense.
Como não poderia deixar de ser, com o lamento vem as dúvidas sobre as causas que levaram a essa perda: fatalidade, negligência, demora no atendimento, falha no protocolo de acolhimento dessa paciente?
Todas são motivações possíveis e precisam ser averiguadas pela direção do Hospital Municipal de Araucária (HMA) e, principalmente, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). É isso que a comunidade espera e é essa cobrança que o jornalismo profissional precisa fazer.
Por outra banda, o que o jornalismo profissional não pode fazer é explorar a dor da família em busca de cliques que alimentam uma certa quantidade de pessoas que ficam nas redes sociais comentando algo que eles não entendem como se mestre naquilo fossem.
O Popular tem por princípio editorial não fazer lives de situações em que as pessoas envolvidas não sejam publicamente expostas e, principalmente, estejam impactadas pela dor do luto. Sempre que situações como essa chegam a nossa redação fazemos o devido acolhimento da pauta e – uma vez ela amadurecida – publicamos a matéria.
Jamais, no entanto, deixaremos que uma família enlutada seja exposta a um microfone, mesmo que ela queira externalizar essa dor com acusações a terceiros. Não é certo com essa família. A dor dela não pode ser utilizada pela imprensa séria em troca de algumas visualizações de três segundos.
Sabemos, claro, que a opção de não abordar de maneira sensacionalista esse tipo de pauta também traz consequências ao O Popular. Sempre há aqueles que dizem que não ficamos em portas de hospitais em busca da desgraça alheia porque temos um ou outro interesse comercial, porque queremos vender uma cidade maravilhosa e por aí vai. Acolhemos as acusações – embora sem sentido – com muita tranquilidade. Afinal, a liberdade de expressão de nossos seguidores é algo que prezamos muito. Ela, porém, jamais fará com que nos movamos um centímetro sequer de nossos princípios editorais e sempre que necessário utilizaremos espaços como esse para explicar a nossos leitores como trabalhamos.
Edição n.º 1460.