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Delegado pretende concluir inquérito de homem morto pela GM em 10 dias

De acordo com a família de Julio, ele nunca teve arma de fogo
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Delegado pretende concluir inquérito de homem morto pela GM em 10 dias
De acordo com a família de Julio, ele nunca teve arma de fogo

 

Após um suposto confronto entre guardas municipais e dois homens, por volta das 20h de sábado, 9 de dezembro, na região das cavas do jardim Tropical, Julio Cesar Cordeiro, 38 anos, foi baleado e veio a óbito.

De acordo com as primeiras informações, os GM’s teriam avistado dois elementos saindo de um matagal e desconfiaram da atitude da dupla. Desta forma, os guardas teriam ligado as sirenes da viatura e dado voz de abordagem, mas os indivíduos não teriam acatado à ordem, sacado uma arma e disparado contra a guarda, que veio a revidar. Na suposta troca de tiros, Julio Cesar foi atingido e o outro rapaz teria fugido pelo matagal, não sendo localizado posteriormente.

O Siate foi acionado, mas quando chegou ao local a vítima já estava morta. A Polícia Militar, Polícia Científica e Instituto Médico Legal (IML), foram até lá para auxiliar na ocorrência.

Contudo, no dia seguinte, 10 de dezembro, a família da vítima manifestou-se sobre o ocorrido, afirmando que a versão dada pelos guardas municipais não era verídica, mesmo porque Julio não tinha envolvimento com o mundo do crime, muito menos andava armado, e, ainda, que era trabalhador, honesto e muito querido por todos, sem ao menos ter nenhum tipo de inimizade ou rixa com ninguém nem antecedente criminal.

Segundo os familiares, Julio Cesar teria saído de casa no sábado, por volta das 18h30, para pescar. Por isso, não teria levado documentos e nem o celular, apenas os materiais para pesca. A família ainda contou que a vítima morava há quatro quadras do local onde tudo aconteceu.
“Temos certeza que tudo isso foi um equívoco da parte da Guarda. Temos a certeza de que o Nego (apelido pelo qual Julio era chamado), não fez o que falaram. Agora, vamos esperar o resultado da perícia. Está nas mãos da polícia”, disse uma familiar, extremamente abalada com a perda.

O delegado Messias Antonio da Rosa, que está à frente das investigações, comentou que pretende concluir o inquérito, que já foi instaurado para apurar toda a situação, em até 10 dias, apesar do prazo legal estipulado ser de 30 dias. “As armas dos guardas foram apreendidas e serão encaminhadas para a Criminalística, para que seja feito o confronto com o projétil que estava no corpo da vítima”, comentou.

Messias ressaltou que durante o processo de investigação, a Polícia Civil irá trabalhar com a maior lisura em busca da verdade, a fim de promover a justiça, sem proteger qualquer pessoa que possa vir a ter cometido um ato criminoso. “Se os guardas erraram, irão responder por isso”, afirmou o delegado.

Delegado pretende concluir inquérito de homem morto pela GM em 10 dias
Familiares duvidam da versão da Guarda Municipal e protestaram nesta segunda

No início desta semana, equipes policiais voltaram ao local do crime para mais investigações. A Polícia Civil, inclusive, já solicitou dados do GPS da viatura e do rádio comunicador para saber se o horário e local do óbito de Julio Cesar conferem com as demais informações já repassadas.

O secretário municipal de Segurança Pública, José Fortes, declarou que a secretaria está tomando todas as providências cabíveis e que os guardas envolvidos no caso já foram afastados de suas funções na corporação e serão submetidos à exame psicológico, uma vez que houve ocorrência com disparo de arma de fogo. “Eles vão passar por todo o procedimento, conforme estipula a Polícia Federal, e, retornando ao trabalho, vão seguir em serviço administrativo. A princípio, será possibilitado à eles as férias de 30 dias, para que, somente após este período, eles retornem ao trabalho”, apontou.

Segundo Fortes, os fatos foram encaminhados para a Corregedoria da Guarda Municipal para abertura de sindicância e estão sendo encaminhados todos os documentos solicitados aos órgãos competentes. “Estivemos no local da ocorrência nesta segunda-feira para averiguar informações e nesta quarta voltamos à região com a Polícia Civil para fazer a medição do local com os dados do GPS da viatura”, contou.

Fortes ainda informou que a secretaria irá contribuir com tudo o que for necessário para descobrir como o fato ocorreu realmente, se houve, ou não, alguma irregularidade. Sendo constatado algum tipo de desvio, pela perícia e pela polícia, a secretaria dará sequência no processo administrativo, visto que, até o momento, os guardas estão respondendo somente à sindicância. “Havendo a culpabilidade, eles irão responder a um processo e se forem condenados na esfera criminal, serão condenados na esfera administrativa também”, enfatizou, garantindo que a Secretaria de Segurança não vai pender para nenhum lado e que fará o que a lei os permite. “Vamos usar todos os procedimentos legais, j untamente ao delegado e a Corregedoria, para esclarecer os fatos o mais rápido possível”, disse.

SIMULACRO

Outro ponto que a investigação que está sendo feita pela Delegacia terá que esclarecer é com relação a um simulacro que os guardas apresentaram como sendo de Julio. Isto porque, se de fato o simulacro estivesse em posse da vítima, os GM’s jamais poderiam ter recolhido da cena da ocorrência.

Quem teria que fazê-lo era a Polícia Científica. Messias, inclusive, comentou que, com isso, as investigações ficaram prejudicadas e, que, desta forma, será apurado também se houve fraude processual.

BOATOS

O delegado Messias da Rosa desmentiu alguns boatos que foram ditos acerca da morte de Julio Cesar.

Um deles, de que um dos guardas estaria bêbado, não procede. Outro boato que surgiu sobre um possível desentendimento anterior entre um dos guardas e a vítima, também não é verdadeiro, visto que a própria família teria informado que Julio Cesar não conhecia nenhum dos GM’s envolvidos.

Messias ainda solicitou que, se houver alguma testemunha que possa contribuir para a elucidação dos fatos, procure a Delegacia de Polícia Civil de Araucária para dar seu depoimento.

PROTESTO

Nesta segunda-feira, 11 de dezembro, familiares e amigos de Julio Cesar foram até a frente da sede da Secretaria Municipal de Segurança Pública em protesto, pedindo justiça no caso.

Na mesma data, o comando da Guarda Municipal divulgou uma nota sobre a morte de Julio.

Um trecho da publicação dizia: “A GMA coloca-se à disposição para fornecer todo aparato possível, como provas, para que a verdade seja alcançada. Todos os profissionais são treinados e orientados conforme a grade do Ministério da Justiça para atender a população na melhor forma possível e se for constatado abuso ou excesso por parte dos agentes, serão tomadas as providências cabíveis na esfera administrativa.

A corporação não pode ser condenada e julgada por um ato isolado haja vista que é notório a quantidade de serviços relevantes que tem prestado a comunidade Araucariense em 14 anos de atividade”.