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“Deu ruim”: Prefeitura retira “pista de plástico” do Parque Cachoeira. Município já gastou R$ 6,8 milhões com esse pisos
Foto: Divulgação

Depois de meses e meses de reclamação por parte de usuários do Parque Cachoeira, a Prefeitura de Araucária decidiu retirar a “pista de plástico” que havia aplicado sobre o piso de asfalto que existe no entorno do campo.

Instalada no primeiro semestre, a pista era alvo dos mais diversos tipos de reclamação e já havia, inclusive, feito algumas vítimas. Os principais problemas relatados eram o de que o piso simplesmente se desprendia do chão e se tornava muito liso quando entrava em contato com água.

Além disso, foram vários os episódios em que o vento provocado pelo pouso de helicópteros de órgãos de segurança no Parque fez voar parte da pista. Há relatos ainda de que a pista de plástico dilatava conforme a variação térmica.

A colocação do piso no entorno da pista do parque também havia sido alvo das mais variadas denúncias de integrantes da Câmara de Araucária. As mais contundentes partiram do vereador Fábio Pavoni (PV), que relatou que não houve qualquer tipo de estudo técnico para verificar se aquele tipo de material era o ideal para áreas externas e curvilíneas. Ele também afirmou que só a aplicação da pista no Parque teria custado algo em torno de R$ 400 mil.

Levantamento feito pelo O Popular, no entanto, mostra que ao longo dos últimos três anos a Prefeitura já pagou quase R$ 7 milhões a empresa fornecedora desses pisos. Os números constam do portal da transparência.

A fornecedora desses pisos à Prefeitura de Araucária é a Transformar Brasil, cuja razão social é a Amanda Gimenez Razente Eirelei. Em 2022 saíram dos cofres públicos R$ 1.040.034,70 para a empresa. Em 2023 o valor foi de 4.368.429,77 e, em 2024, R$ 1.453.390,00. Esses são os valores efetivamente pagos. Porém, existe a possibilidade de que existam outros procedimentos ainda em fase de liquidação pelos órgãos da Prefeitura.

Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), responsável pela maioria dos pagamentos à Transformar Brasil, questionando as motivações que levaram a retirada da pista do Parque Cachoeira. Questionou ainda quem estava fazendo a retirada e descobriu que não era a empresa responsável pela instalação e sim equipes terceirizadas da própria Prefeitura.

A opção do Município em retirar “por conta” a pista pode ser considerada temerária, já que o contrato firmado com a empresa estabelece em sua cláusula sétima que a contratada deve “responsabilizar-se pelos vícios e danos decorrentes do objeto, de acordo com os artigos 12, 13 e 17 a 27, do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 1990)”. Estabelece ainda que a empresa deveria “fornecer à Contratante termo autônomo de garantida de no mínimo 12 meses contados da data da entrega do bem, bem como listagem de pessoas aptas a prestar Assistência Técnica, sediadas no Estado do Paraná”.

Também questionamos, por meio da Secretaria Municipal de Comunicação Social, se houve notificação da empresa acerca dos problemas identificados, quem foi o profissional da Prefeitura que atestou a conclusão dos serviços, se foi aberto procedimento administrativo para apurar responsabilidade da empresa pelo fornecimento do serviço. Até o fechamento desta matéria, no entanto, nenhuma das perguntas havia sido respondida.

O espaço permanecerá aberto e a matéria será atualizada com tais informações tão logo haja a resposta pela assessoria de imprensa da Prefeitura.

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