Pesquisar
Close this search box.
[the_ad id='140098']

Extremos climáticos podem prejudicar a safra de soja em Araucária

Foto: Divulgação
Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

O clima instável provocado pelo El Niño vem impondo dificuldades para os agricultores que plantaram soja em Araucária e pode acarretar prejuízos na safra 2023/2024. De acordo com a engenheira agrônoma da Secretaria Municipal de Agricultura, Cristine Maria Ronkoski, o plantio da soja inicia normalmente em setembro, isso porque no estado do Paraná existe o chamado vazio sanitário. “Esse vazio dura 90 dias, é o período em que não podem existir plantas vivas de soja nas lavouras. A medida tenta limitar a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática durante a entressafra e, consequentemente, reduzir a incidência e atrasar a ocorrência da doença na próxima safra”, explica a agrônoma.

Por conta disso, os agricultores de Araucária deixaram para fazer o plantio no final de setembro e começo de outubro, só que este último mês foi o mais chuvoso das últimas décadas no Paraná. “Os produtores então acabaram fazendo o plantio em novembro. Tivemos um atraso muito grande por conta das chuvas. Só pra exemplificar, teve produtor que fez a semeadura em outubro, e acabou perdendo tudo, teve que refazer o replantio. Pra piorar, a planta também não conseguiu se desenvolver tão bem por questões climáticas”, exemplifica.

Ainda segundo a engenheira agrônoma, o Deral – Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura do Paraná estima que apesar da instabilidade climática, com período de chuvas intensas, seguido por uma estiagem, 88% das lavouras de soja ainda estão em ótimas condições.

O produtor Waldomiro Gayer Neto, da Fruticultura Gayer, detentora da maior produção de ameixas do Brasil, também planta soja na sua propriedade. Ele conta que no ano retrasado, principalmente nos meses de novembro e dezembro, choveu muito. Em dezembro, por exemplo, foram 21 dias de chuva, o que prejudicou o plantio de soja e muitas áreas tiveram que ser replantadas, outras sofreram atraso no plantio, diminuindo consideravelmente a produtividade.

“Tudo isso, aliado aos altos custos da lavoura e os baixos preços, fez com que muitos produtores amargassem prejuízos em suas lavouras. No meu caso, com 95 hectares de plantio e praticamente sem locação de área, apenas empatei os investimentos. Porém o produtor que paga aluguel de área, deve ter tido prejuízo. Esse ano o clima está melhor, mas em algumas localidades a falta de chuva, que acontece com dias mais espaçados, deve prejudicar a produtividade. Para o agro, que é uma empresa a céu aberto, os desafios serão enormes, visto que os preços estão baixos. Acredito que muito produtor não vai conseguir pagar as contas”, avalia Neto Gayer.

Uma das saídas encontradas pelo produtor para driblar com todas as instabilidades, foi a diversidade de culturas. Além de ameixa e pêssego, ele já investiu no trigo como cultura de inverno, mas está disposto a não plantar mais por ser uma cultura que quando dá lucro, é muito pequeno. “Sobre o trigo colhido no final de 2023, a maioria esmagadora de produtores da região teve perdas devido ao alto volume de chuvas, colhendo trigo que não passou na classificação e com baixa produtividade. Prejuízo que deve girar em torno de R$ 3.000,00 por hectare. Infelizmente a maioria também não conseguiu fazer seguro esse ano, seja pelo valor apresentado ou pela curta janela para contratar do seguro”, declara.

Na safra de verão Neto Gayer cultiva soja e milho, porém seu carro chefe é a ameixa, que deve ser a maior produção nacional. “A diversidade de culturas é o melhor caminho diante das incertezas climáticas e da falta de políticas públicas do governo federal, seja na área de seguros ou de financiamentos”, afirma o produtor.

Edição n.º 1398