O Ibama divulgou na tarde desta quarta-feira, 21 de novembro, que vai capturar o macaco bugio que atacou uma bebezinha e a mãe no Condomínio Residencial Araucária Park, localizado na Avenida Independência, na quarta-feira, 14. O pedido para a captura foi feito pelo próprio condomínio, já que após o episódio contra a criança, os moradores estavam com medo que o animal fizesse novos ataques. A decisão do Ibama saiu após os técnicos do órgão visitarem o residencial e constatarem que a presença do animal no bosque já não era mais viável.
Segundo o Ibama, o animal será levado para um centro de triagem onde ficará em observação para avaliar seu comportamento ou verificar se ele possui alguma doença. Após a quarentena o instituto irá avaliar se o animal tem condições de ser remanejado para a mata, com outros da sua raça. Também existe a suspeita de que por estar sozinho, o macaco seja velho ou já tenha vivido em cativeiro até ser solto naquela área.
A data da captura não será divulgada previamente, assim como o local para onde ele será levado, para evitar a presença de curiosos no dia da ação. A Polícia Ambiental e a Secretaria do Meio Ambiente de Araucária (SMMA) vão apoiar na captura.
Insistência
Na terça-feira, 20, o síndico Ed Simas da Cunha foi pessoalmente até o Ibama e protocolou um pedido, explicando que o condomínio tomou todas as medidas necessárias para evitar que o animal fosse alimentado novamente, e solicitou a captura do bugio. A decisão foi tomada pelo síndico porque na segunda-feira, 19, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) proibiu a captura do animal no exato momento em que as equipes da SMMA e do batalhão da Força Verde se preparavam para ir até o bosque, dispostos a capturar e encaminhar o animal para um cativeiro. Em nota, o IAP argumentou que não autorizou a ação porque não recebeu nenhum ofício, e-mail ou solicitação escrita por parte do município de Araucária com relação aos procedimentos a serem adotados no caso do bugio. Justificou ainda que técnicos da Secretaria de Meio Ambiente entraram em contato, por telefone, solicitando que o IAP recebesse o animal que seria capturado pela Polícia Ambiental e foram instruídos a encaminhar solicitação de orientações por escrito.
Sobre a negativa, a Prefeitura também emitiu nota esclarecendo que o IAP é o órgão responsável pela remoção de animais silvestres de vida livre e que o município não tem atribuição legal para retirar animais nessas condições, por isso foi necessária a suspensão da captura. Justificou ainda que o IAP negou a autorização porque o bugio não deve ser retirado do bando ou aprisionado, e que animais de vida livre são de responsabilidade do Ibama e que aquele local tornou-se habitat do bugio, já que foi alimentado pela população.
Mudança de comportamento
O síndico Ed Simas da Cunha comentou que o condomínio proibiu terminantemente que os moradores alimentem o bugio, disse inclusive que instalará placas informativas, que estão sendo confeccionadas, orientando os moradores a evitar contato com o macaco ou outros animais. “De agora em diante, com tudo isso que aconteceu, se algum morador for pego alimentando ou tentando prender o bugio, aí sim será multado”, argumentou.
A SMMA também esteve no condomínio entregando uma notificação ao residencial solicitando que os moradores instalem telas de proteção nas sacadas, cortem os galhos das árvores que estão na divisa do prédio com a área da mata e não alimentem ou mantenham contato com animais.
Solução pacífica
Para a bióloga Renata Charvet Inckot, tanto a criança e a mãe, quanto o bugio, são vítimas nessa situação, por conta do desequilíbrio ambiental que se criou. “Apesar de ser um animal selvagem, o bugio não é agressivo. Seu comportamento é de defesa do território, mas podem sair do seu habitat em busca de comida. No caso deste bugio que vive no bosque ao lado do condomínio, sabe-se que ele recebeu alimento e tem voltado para procurar mais comida. Também existe a possibilidade de que exista um bando naquela área, e antes de capturar o animal, como estão pretendendo, é preciso confirmar se ele está mesmo sozinho. Outra explicação para as visitas diárias ao condomínio é a de que o habitat do bugio já não tenha tanta área verde ou alimentos disponíveis”, esclareceu Renata.
“O IAP, de certa forma, estava certo quando proibiu a captura do animal, porque ainda é possível mantê-lo em seu habitat. “Se os moradores pararem de dar comida para o bugio, a tendência é de que ele pare de entrar no condomínio”, salientou.
Publicado na edição 1140 – 22/11/18