Intolerância é retrocesso

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Em uma pesquisa de opinião, qualquer que seja a margem de erro, certamente a maioria das pessoas considerará a tolerância uma virtude. Tida como a capacidade de conviver com situações e pessoas que aparentam ser diferentes daquilo que pensamos ser, ou que têm ideias diferentes da que entendemos correta, a tolerância é pouco praticada. No entanto, ela é fundamental para o aperfeiçoamento da humanidade, pois se todos pensassem ou agissem de igual maneira, certamente faltariam ideias inovadoras. Nestas eleições, o festival de intolerância atinge níveis preocupantes. Especialmente nas redes sociais e na mídia controlada por gigantes econômicos, conceitos e pré-conceitos são repetidos à exaustão e ai de quem se posicionar de forma diferente ao que é expresso majoritariamente. Alguns, pasmem, chegam a afirmar que os que votarem diferente de si perderão sua amizade, como se a amizade sincera e verdadeira exigisse concordância incondicional. O grau de intolerância chega a atingir o patamar do racismo e do elitismo, difundindo-se a ideia de que a sabedoria repousa no cérebro de alguns poucos iluminados, como se a luz viesse somente dos diplomas e da riqueza material. Não considero a discordância igual a intolerância, pois a primeira é basilar para a evolução da sociedade. Investir contra a discordância é defender o atraso, valendo-se da intolerância. É só olharmos a trajetória dos países e da própria humanidade que constataremos fantásticos aperfeiçoamentos surgidos de vozes discordantes. Copérnico, quando ousou dizer que a terra não era o centro do universo, há pouco mais de 500 anos, é um bom exemplo. Defender seu candidato ou sua candidata, sem menosprezar a opinião contrária, é uma atitude louvável. A defesa, ou o ataque a(o) adversário(a), devem ser baseados em argumentos concretos e não puramente na emoção. Pior ainda é desfazer de uma candidatura simplesmente porque ouviu críticas de terceiros, as quais nem sempre são verdadeiras. A história mostra que foi através da repetição de chavões e de ideias preconceituosas que as piores pessoas e regimes foram escolhidos, em eleições ditas livres, em várias épocas. Não devemos ter medo de expressar nossa opinião, qualquer que seja ela, baseados no que escreveu o poeta alemão Bertolt Brecht: “Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.”. E mais, Nicolau Copérnico foi um ilustre polonês que, com sua discordância das ideias predominantes, trouxe extraordinária evolução ao pensamento humano ao defender que nosso planeta gira na órbita do sol. Sua pátria de origem é mais um prova do quanto o preconceito é um solo fértil para o atraso e o obscurantismo.

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