E como manda a boa cartilha da governabilidade e formação de maiorias em democracias representativas, a não manutenção da palavra nas duas votações do projeto de lei do auxílio-alimentação já teve reflexos na Câmara.

Veja-se que não se está a falar aqui de consequências que prejudicarão a população. Até porque esse não é o caso. As consequências – na prática – obrigarão alguns edis a reorganizarem parte de seus cabos eleitorais que detinham cargos em comissão na estrutura externa a seus gabinetes.

Algumas portarias de exoneração já foram encaminhadas para publicação, assim como novas fichas para ocupar esses postos foram entregues para os substitutos. Afinal, em política não existe lugar vago. Ele é sempre ocupado. É assim desde a Grécia antiga.

E não há como dizer que o presidente da Câmara, Eduardo Castilhos (PL), está errado em não tolerar o não cumprimento da palavra dada a ele. Afinal, a formação de grupos políticos de modo a garantir a governabilidade exige fidelidade a decisões conjuntas, mesmo que elas sejam impopulares.

Um líder fraco atrai oportunistas e afasta os bons parceiros. Se Castilhos não tomasse nenhuma atitude agora deixaria aqueles que não o traíram insatisfeitos e ainda – de certa forma – avalizaria os lobos solitários a continuar o atacando pelas costas. Assim é a política em seus bastidores.

Edição n.º 1457.