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Foto: Carlos Poly
O drama de quem recebeu o diagnóstico do câncer
Foto: Carlos Poly

“Ainda não consigo acreditar que isso aconteceu comigo”! Foi com esse depoimento carregado de tristeza e medo que a dona de casa Micheli, de apenas 31 anos, moradora do jardim Arco Íris, descreveu a sensação que teve ao receber o diagnóstico de câncer de mama. Depois de tantas consultas, exames e, principalmente do descaso que ela diz ter encontrado na rede pública de saúde de Araucária, ela finalmente conseguiu realizar uma biópsia, que só veio confirmar aquilo que ela mais temia.

Micheli é casada, tem um filho de apenas 4 anos, e conta que já teve vários problemas de saúde, ainda assim, nunca imaginou que seria uma das vítimas do câncer. A dona de casa relata que nunca teve nada nos seios, sempre se auto examinou em casa. Quando ia ao ginecologista também fazia exames e sempre dava tudo certo. No final do ano de 2018, sentiu uma bolinha perto de um dos mamilos, que também tinha uma secreção amarelada. Ficou preocupada e já marcou médico na unidade de saúde. “Ele me examinou, disse que poderia ser um nódulo mamário, pediu uma mamografia e uma ecografia. Os exames confirmaram os nódulos, mas eram pequenos. Então mostrei o resultado e não falaram mais nada. Ainda preocupada, insisti por uma nova investigação e o ginecologista me encaminhou para um mastologista lá no Evangélico Mackenzie, em Curitiba. Comecei a fazer os exames por lá, porém, nesse meio tempo tive trombose na perna e em janeiro de 2019 precisei interromper o tratamento. Só tive alta da cirurgia vascular em dezembro do ano passado. Voltei no Mackenzie para acompanhar os nódulos, que haviam crescido e porque a mastologista já havia dito que teríamos que operar. Então, em janeiro desse ano, ela me encaminhou para o anestesista e fui liberada para a cirurgia. Ainda faltava retornar na mastologista para agendar o dia da cirurgia. Aí veio mais uma surpresa: a pandemia, e todo meu tratamento foi cancelado de uma hora pra outra”, conta Micheli.

Ela diz que com o tratamento suspenso, ficou em casa aguardando, mas começou a sentir dores fortes. Nem consultas de retorno o posto quis marcar. Os nódulos só iam aumentando. Um certo dia de agosto, disse que acordou com uma dor insuportável debaixo do braço esquerdo. “Quando fui fazer o auto exame, fiquei apavorada, pois encontrei um nódulo do tamanho de uma azeitona. Aquilo doía demais, irradiava nos braços, cotovelo, e ia até a nuca. Como o posto não queria marcar consulta, resolvi fazer particular. As clínicas só faziam o exame com o pedido médico, então liguei no posto de saúde, expliquei o caso para a coordenadora e ela conseguiu o pedido. Fiz a ecografia e quando o médico estava me examinando, levou um susto, disse que o nódulo era muito grande. Perguntou como estava o tratamento e eu disse que estava tudo parado por causa da pandemia. Ele ficou perplexo, e comentou que meu caso era prioridade e deviam ter me atendido. Perguntou também se eu já havia feito a biópsia para saber se o nódulo era maligno ou não, e mais uma vez ficou surpreso ao saber que eu havia sido encaminhada para cirurgia, sem ter feito a biópsia. Aí retornei ao posto e agilizaram a biópsia, lá no Hospital do Rocio, em Campo Largo. Fiz a biópsia no começo de setembro e o resultado ficaria pronto no dia 24. Minha consulta já estava agendada com o oncologista para o dia 14 de outubro. Foi nesse dia que recebi a triste notícia de que estava com vários tumores na mama, e eram malignos. Fiquei sem chão. Mas tive que aceitar e dar continuidade à vida. Agora terei que fazer vários exames nos próximos dias, para ver se a doença atingiu outros órgãos. Inicialmente farei sessões de quimioterapia, para ver se os nódulos diminuem, então passarei pela cirurgia. Não está sendo nada fácil, por isso aconselho todas as mulheres a se cuidarem muito, realizarem os exames todos os anos, se auto examinarem em casa. E aconselho principalmente a não se acomodarem quando forem tratadas com descaso pela Saúde. Corram atrás, exijam seus direitos, porque o câncer não espera”, lembra.

Campanha solidária

O caso da Micheli comoveu os moradores do jardim Arco Íris. Por isso, no próximo domingo, 25 de outubro, das 10 às 17 horas, o Studio Ele & Ela, que fica na rua Uirapuru, 1320, jardim Industrial, vai reverter toda a arrecadação que conseguir neste dia em prol do tratamento da Micheli.

“Toda a comunidade está convocada a contribuir com a causa. Mesmo que você não venha até o salão para fazer algum procedimento, venha para deixar sua ajuda, a Micheli está precisando muito”, convidam os proprietários Cristian e Érica. Mais informações poderão ser obtidas através dos telefones (41) 9 9816-5800 e (41) 9 9790- 7336.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1235 – 22/10/2020

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