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Padre André Marmilicz: ‘Amai os vossos inimigos’ (Lc 6,27)
Foto: Divulgação

Jesus, aos poucos, vai revelando ao mundo o seu projeto, a sua proposta, aquilo para o qual ele foi enviado pelo Pai. Através de suas palavras, ele vai orientando as pessoas para aquilo que é o essencial na vida, em prol da plena realização do ser humano. Claramente, suas palavras estão em total sintonia com os seus gestos e as suas ações. Aquilo que sai de sua boca, na verdade, brota do seu coração amoroso, misericordioso, cheio de ternura e de compaixão. Não são apenas palavras jogadas ao vento, mas, que se tornam plenamente críveis, porque vividas no cotidiano de sua vida. Jesus vive aquilo que prega, e, talvez prega, porque vive, porque é uma manifestação do seu jeito de ser e de conduzir a sua vida.

As pessoas, de modo geral, reagem de três modos diante das circunstâncias da vida: muitas são movidas pelo ódio, e, tudo que fazem, é guiado por um sentimento de destruição do outro. Dentro delas paira um egoísmo exacerbado, uma sede de poder, uma prepotência e uma arrogância sem limites. Outras, jogam na lógica da justiça, ou seja, pagam o bem com o bem e o mal com mal. Não são pessoas más, mas, diante de alguém que as ofende, as magoa, reagem de modo violento. Pelo contrário, quando são bem tratadas, correspondem do mesmo jeito, da mesma maneira. É a lei da retribuição, tão comum em nossas sociedades. No entanto, o evangelho vai propor uma terceira via, com certeza, muito mais difícil e exigente de ser vivida. Vamos aprofundar!

Este é o princípio revolucionário apresentado por Jesus aos seus seguidores: ‘amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, abençoai aos que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam’ (Lc 6,27-28). Aí estão quatro imperativos (‘amai, fazei o bem, abençoai, orai’), que não deixam qualquer dúvida sobre como o cristão deve comportar-se diante de quem pratica o mal. Esse modo de ser de Jesus deixa bem claro a rejeição de qualquer recurso à violência. Jesus é movido por um amor sem limites, que não guarda mágoas, ressentimentos, mas, em tudo e acima de tudo, perdoa e, mais, leva exatamente a fazer o contrário do que fizeram a você.

A proposta de Jesus e do seguimento, passa em primeiro lugar pelo amor aos inimigos. Amar a quem te ama, é fácil, mas, amar a quem te deseja o mal, é muito difícil e exigente. Fazer o bem a quem te faz o bem, também é fácil, mas, fazer o bem a quem te odeia e só quer o seu mal, é muito difícil! Pedir a benção de Deus a quem te abençoa é simples, mas, pedir a benção de Deus a quem te amaldiçoa e só quer o teu mal, é infinitamente mais complicado. Por fim, rezar por aqueles que rezam por ti, é uma prática assaz fácil, mas, rezar pelos que fazem fofoca de ti, falam mentiras, injúrias, é decididamente bem mais complexo.

Jesus trouxe a boa nova do Reino e ela passa necessariamente pelo amor aos irmãos, mas, de modo especial, aos inimigos. Essa é a grande novidade trazida pelo Mestre dos Mestres. Ele mesmo vai afirmar que amar os que te amam, os que te querem bem, os que falam bem de ti, os que te valorizam, é fácil, e até os pagãos e os fariseus o fazem. Difícil, complicado, exigente, é você querer o bem, rezar, abençoar, elogiar, a quem quer somente o teu mal. Essa é a grande novidade do Reino: amar os inimigos.

Edição n.º 1453.

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