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Padre André Marmilicz: Maria — aquela que acreditou
Foto: Divulgação

A vinda de Jesus ao mundo é um grande mistério de amor de Deus pela humanidade. Deus tanto amou o mundo, que enviou o seu filho amado, para salvá-lo. Um amor que se encarnou, assumiu a forma humana. Viveu em tudo como homem, menos o pecado. Isso é realmente fascinante, é um grande mistério. E o modo que Jesus veio a esse mundo, também desperta uma grande perplexidade, pois, foi gerado pelo Espírito Santo, no ventre de uma simples e humilde mulher. Uma mulher de Nazaré, cidade simples e de certo modo ‘amaldiçoada’ por Deus, pois nenhum profeta veio desse lugar. Uma mulher jovem, prometida a José em casamento, mas cheia de graça, abençoada por Deus, temente a Ele e que se dispôs a fazer em tudo a sua vontade.

Após o anúncio do anjo, Maria demonstrou toda a sua fé e confiança em Deus, manifestada em gestos de amor. A fé verdadeira se manifesta através de obras concretas, de doação, de serviço aos irmãos. Ela deixa sua casa, atravessa apressadamente as montanhas para visitar sua prima Isabel. São mais de 70 quilômetros de distância entre Nazaré, onde vivia Maria e Ain Karim, o povoado onde morava sua prima. No encontro entre as duas, a saudação provocou uma grande alegria no ventre de Isabel. Movida por essa alegria, ela vai exclamar: ‘Bendita és tu porque acreditaste’. Crer não é apenas uma repetição, tantas vezes automática, mas, um gesto concreto de amor ao próximo.

A fé de Maria se manifesta no serviço livre e espontâneo, de quem entendeu perfeitamente a mensagem divina. Ela poderia, sim, como mãe do Salvador, se colocar numa atitude arrogante e prepotente, como a maior entre todas as mulheres desse mundo. Mas, isso passou longe dessa mulher tão humilde, que reconhece em Deus a grandiosidade de todas as coisas. Ela se coloca simplesmente como uma servidora, um instrumento nas mãos de Deus, como a escolhida desde sempre para ser a mãe do Salvador. Essa atitude de Maria demonstra toda a sua fé em Deus. Crer em Deus, significa colocar toda a sua vida a seu serviço, ou seja, amando aos irmãos e servindo, sobretudo, aqueles mais pobres, humildes e excluídos da sociedade.

A exemplo dessa mulher de fé, nós também somos chamados a proclamar a nossa fé através de gestos e atos concretos de amor. A fé não se resume em lindas palavras, talvez até emocionantes, mas, em atitudes concretas de serviço alegre, desinteressado e gratuito. A fé, muito mais do que professada apenas por palavras, é vivida através do testemunho de vida. Aquele que crê, procura viver de acordo com a boa nova do evangelho. A sua vida é orientada pelos valores pregados e vividos por Jesus Cristo. Ela se manifesta num gesto de acolhida a todas as pessoas, independe de cor, sexo, religião ou status social. Se percebe no perdão, sem mágoas, ressentimentos ou desejos de vingança; no respeito a todo ser humano, tratando-o com a devida dignidade. Na compaixão para com os mais sofredores e necessitados da misericórdia de Deus. Em palavras de conforto e de esperança àqueles que estão passando por situações delicadas em sua vida. Na escuta atenta e profundamente respeitosa da realidade do outro. Enfim, são os gestos concretos de amor que manifestam a nossa fé. Assim foi Maria, aquela que acreditou e demonstrou essa sua fé em atos concretos de serviço. Proclamar a nossa fé em Jesus, significa o mesmo que Maria fez: ir ao encontro do outro para servi-lo.

Edição n.º 1446.

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