Nestes últimos dias, o mundo inteiro viveu a dolorosa partida do nosso querido papa Francisco deste mundo para a eternidade. Uma multidão se fez presente em Roma desde o anúncio da sua morte, provindos de todas as partes deste planeta terra. Jornais, televisões, redes sociais e outros meios, traziam frases, gestos, encontros, discursos de Franscisco, carregados de tanto amor e ternura. A sensação era da perda de um ente querido muito próximo, que inclusive, me fez ir às lágrimas diversas vezes. Fazia muito tempo que eu não vivia essa experiência tão dolorosa, como se ele fosse alguém da minha família. E, de fato é e foi um grande pai espiritual que, por mim, será eternamente lembrado como a pessoa mais humana que eu conheci nesta terra.

Desde o momento em que ele foi anunciado como o novo papa da Igreja, percebemos nele algo muito diferente e extraordinário: a sua simplicidade e humildade. Apresentou-se como bispo de Roma e não como papa, pedindo que rezassem por ele. Um gesto único e inesquecível de alguém que, embora sendo de uma sabedoria imensa, demonstrava a sua fragilidade como homem e pecador, necessitado da presença orante do outro. Sentia que sozinho era frágil, e que necessitava sentir o outro, o encontro com o outro, tantas vezes enaltecido em suas pregações. Desde aquele dia, começou um tempo novo dentro da Igreja, onde todos, e ele o repetia diversas, inúmeras vezes, todos deveriam ser amados e valorizados, especialmente, os mais pobres. Seu texto preferido, era o capítulo 25 do evangelho de Mateus, onde claramente Jesus se coloca ao lado dos que tem fome e sede, os doentes e presos.

Sua primeira encíclica, ‘Evangelii Gaudium’, revelou quem era Francisco e com a Igreja que ele sonhava. Um verdadeiro tesouro, que deveria ser lido e encarnado por todos aqueles que sonham em viver o evangelho de Jesus Cristo. Uma alegria que brota do evangelho e que nos impulsiona a sair, a ir ao encontro do outro, a sujar nossos pés nas lamas da vida e acolher a todos, sim, a todos. E, quando fala todos, naturalmente coloca os mais sofredores em primeiro lugar. Um texto que impulsionou aqueles abertos à mudança, a uma saída, indo sobretudo, aos mais abandonados e os afastados. Incluir a todos, essa foi a grande ‘bandeira’ do nosso querido e saudoso papa Francisco. A alegria que desabrochava do seu jeito de ser, provém do encontro com Jesus, mas também, como ele próprio dizia, da oração que fazia diariamente sobre o humor, de Santo Tomais Moro. E ele tinha um senso de humor único, encantador, que infligia protocolos, porque para ele, o ser humano estava em primeiro lugar e acima de tudo.

O papa da misericórdia, que acolhia com amor os mais simples e humildes, com um coração cheio de ternura. Foi um homem da moral, da ética, sem ser moralista, pois, ele mesmo dizia, ‘que sou eu para julgar alguém?’ A exemplo de Jesus que veio para salvar e não para condenar, acolhia a todos, sem distinção de cor, de posição social, respeitando o jeito diferente de ser e de pensar. Um grande homem, que, com certeza, ficará para sempre gravado no coração daqueles que amam e sonham com um mundo melhor, mais humano e mais justo. Sofreu muitas calúnias, mas, como Jesus, permaneceu em silêncio e nunca se defendeu. O seu legado foi imenso e impossível de ser transcrito em tão poucas linhas. Obrigado por tudo! Descanse em paz! Amém.

Edição n.º 1463.