Araucária PR, , 16°C

Padre André Marmilicz: Epifania - A manifestação da Luz

A morte sempre preocupou e causou medo nos seres humanos. Ela foi muito discutida, analisada e refletida por filósofos, psicólogos, teólogos, enfim, por todos os mortais. A morte é o fim de tudo? Existe vida depois da morte? Se existe, como será essa vida? Teríamos uma série de perguntas, que por vezes deixam a pessoa em crise, e, até em desespero. Será que vale a pena lutar tanto nessa vida, se tudo vai acabar no dia da morte? O que levaremos desta vida? Santo Ambrósio, grande santo da igreja dizia, que as coisas mais importantes nesta vida, são aquelas que poderemos levar depois da morte. Certamente, não levaremos casas, carros, apartamentos, joias, dinheiro, bens materiais, mas sim, o bem que fizermos, o amor que partilharmos, a ajuda, a solidariedade, enfim, aquilo que realizarmos em prol do nosso irmão.
Jesus nos deu a certeza de que a vida não acaba aqui, pois, ele venceu as trevas, venceu a morte e ressuscitou glorioso. E suas palavras, seus gestos e suas ações não foram em vão, mas continuam vivas e eternas no coração daqueles que o seguem. O seu corpo mortal se tornou incorruptível, e o seu espírito permanece eternamente entre nós. A sua ressurreição trouxe um novo amanhecer para a humanidade. A vida venceu a morte, a vida triunfou e Jesus está plenamente vivo e glorioso. A sua ressurreição nos faz crer que a morte não é o fim de tudo, mas o começo de uma nova vida e nós também um dia vamos ressuscitar e viver plenamente na glória celeste.

Para os primeiros cristãos, a fé na ressurreição era o ponto alto da sua vivência cristã. Não temiam a perseguição, nem o martírio, pois acreditavam plenamente na outra vida, no encontro com Jesus. Inclusive, eles não diziam ‘um dia de morte do nosso irmão’, mas ‘um dia de vida eterna’, ‘uma semana de vida eterna’ ou um mês e assim por diante. Eles tinham a certeza total que a morte não possuía a última palavra, que os perseguidores podiam destruir o corpo, mas o espírito permanecia vivo para sempre. E isso os movia a se doar plenamente por Jesus e por sua causa, sem medo, mesmo diante de enormes perseguições do império romano, culminando em tantos martírios. Ao longo da história do cristianismo, muitos homens e mulheres, doaram a sua vida até as últimas consequências, por causa do evangelho, porque convictos da ressurreição.

Nós cremos na vida eterna e na feliz ressurreição e é isso que nos move como cristãos. Por isso, movidos por essa certeza, somos chamados a viver a experiencia do céu já aqui na terra. E, para tanto, somos interpelados a seguir a boa nova do evangelho, que consiste, sobretudo, no amor a Deus e aos irmãos. O egoísta já vive aqui neste mundo a experiência do fechamento em si mesmo, que, de modo ilusório faz acreditar que é isso que vale a pena ser vivido, porque duvida da vida eterna. Para ele, o importante é aproveitar essa vida, direcionando-a para o prazer mundano, para a satisfação através do prazer e dos bens materiais. Para nós, que cremos, tudo isso é importante e necessário, mas, o essencial é o bem realizado em prol do irmão, é colocar a vida a serviço dos outros, de modo voluntário, alegre e espontâneo. Tudo passa, somos todos passageiros no trem da vida, e um dia voltaremos à casa do Pai. E, como nos pede São Paulo, olhemos para as coisas do alto porque é para lá que todos nós caminhamos. Na certeza da ressurreição, coloquemos nossa vida a serviço dos irmãos.

Edição n. 1355

Leia outras notícias