O diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) no Paraná destacou na noite desta terça-feira, 20 de fevereiro, dois de seus principais nomes na atualidade para virem até Araucária para uma missão indigesta: convencer os petistas locais de que eles precisam apoiar o nome de Rosane Ferreira (PV) como candidata a prefeita nestas eleições de 2024.
A tarefa foi dada ao presidente estadual do PT e deputado estadual, Arilson Maroldi Chiorato, e a deputada estadual Maria Júlia. O encontro aconteceu na sede do Sindimont e só não “varou à noite” porque o tempo de fala de cada “companheiro” foi limitado a três minutos. No entanto, apesar da longa reunião, não houve consenso. Os petistas locais não aceitam o que entendem como uma espécie de intervenção do diretório estadual nas decisões do diretório municipal.
Na conversa desta terça-feira, Arilson deixou claro de que existe um acordo celebrado pela direção estadual do PT com a direção estadual do PV para que, em Araucária, Rosane seja a candidata a prefeita da Federação, que reúne além do PV e PT, o PC do B. O problema é que esse acordo teria sido selado sem o consentimento dos petistas locais.
A imposição do diretório estadual, porém, esbarra em regras estipuladas nacionalmente pelo PT e que tem o objetivo de regular a vida partidária de seus filiados, de modo que não haja “golpe” na independência dos diretórios municipais. Uma dessas normas é justamente a que prevê certos prazos para que interessados em disputar as eleições manifestem tal desejo. Prazos estes que o PT municipal seguiu, definindo em uma espécie de assembleia interna que o pré-candidato da legenda à Prefeitura de Araucária seria o advogado Samuel Almeida da Silva.
Como essa decisão aconteceu dentro “das quatro linhas”, ela não pode ser mudada a não ser, claro, que Samuel renuncie a sua pré-candidatura. E isto ele tem dito que não irá fazer.
Também durante a reunião da última terça-feira, Arilson tentou convencer a “companheirada” de que Rosane é a melhor opção e de que ela teria uma história de lutas junto as fileiras do PT. Tal afirmação foi rechaçada pelos filiados locais. Incisivos, eles argumentaram que Rosane é intransigente, avessa ao diálogo e que a própria opção de tentar viabilizar seu nome sem conversar com petistas locais comprovaria isso.
Muitos afirmaram ainda que Rosane desrespeitou o eleitorado araucariense na última eleição municipal, já que – uma vez eleita – renunciou ao cargo seis meses depois, sem dar qualquer tipo de explicação aos moradores locais. “O povo não quer nem saber da Rosane. Tanto é que em 2022 ela foi candidata ao Senado e mesmo sendo de Araucária ficou em quarto lugar aqui”, desabafou um dos presentes ao encontro.
Como fica?
Como a primeira tentativa de emplacar Rosane goela abaixo dos petistas locais não deu certo, a reunião promovida pela direção estadual na terça acabou sendo encerrada sem um encaminhamento muito claro. A ideia agora é tentar resolver o imbróglio consensualmente até o final de março. Caso isso não ocorra até lá, a tendência é a de que a escolha do candidato da Federação a prefeito seja feita por meio do voto de delegados partidários indicados pelo PV, PT e PC do B ou por meio de uma “canetada” dos representantes nacionais desse trio de partidos.
Edição n.º 1403