São presas suspeitas de estelionato através de imobiliárias

As imobiliárias Ruiz e Boçon ficavam no mesmo endereço. Foto: divulgação
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São presas suspeitas de estelionato através de imobiliárias
As três mulheres seguem na
carceragem local. Foto: Rafaela Carvalho

 

Foram presas três mulheres suspeitas de aplicar golpes em clientes da imobiliária Ruiz e da imobiliária Boçon, ambas situadas no bairro Porto das Laranjeiras. Na segunda-feira, 17 de setembro, foi presa Marli Teresinha Boçon, 52 anos. Na terça-feira, 18 de setembro, foram presas Esmênia Ruiz, 39 anos, e Wesllayne Karine Silva de Almeida, 24 anos, ambas com mandado de prisão por estelionato.

Desde o início deste ano, a Delegacia de Polícia Civil de Araucária identificou diversos boletins de ocorrência registrados em desfavor da imobiliária Ruiz e alguns deles com menção à imobiliária Boçon. Como os relatos eram semelhantes, foram juntados e aberto inquérito policial. Até o momento, de acordo com a DP, foram 18 vítimas e mais de R$ 250 mil somados de prejuízo aos clientes.

Segundo informações repassadas pelas vítimas, Esmênia, dona da Ruiz, e Wesllayne Karine, conhecida apenas por “Karine”, que apresentava-se como corretora da Ruiz, aplicavam os golpes pedindo sinal de negócio dos imóveis e valores para entrada da documentação das vendas. As vítimas realizavam depósitos ou entregavam o dinheiro em mãos das citadas, mas, após alguns dias, as duas acusadas informavam que teriam tido problemas com o banco a respeito do financiamento.

Entre outras alegações, Esmênia e Karine tentavam prorrogar o negócio e depois de algum tempo não davam mais notícias e acabavam “fugindo” dos clientes. O delegado comentou que elas emitiam recibos e diziam que posteriormente iriam ressarcir os valores já depositados, porém, até hoje, os clientes não receberam o dinheiro.

Na internet, os endereços das duas imobiliárias aparecem como os mesmos e no Facebook da imobiliária Ruiz o site indicado é o boconimoveis.com.br. Alguns clientes fizeram comentários nas redes sociais: “local duvidoso de trabalhar. Muito cuidado antes de fazer qualquer negócio, principalmente fazer pagamentos antecipados. Mesmo com contrato assinado iludem e enganam que o imóvel está pronto pra você, sendo que não está nada certo. Só fingem, pegam seu dinheiro”.

COMO FORAM AS PRISÕES

A polícia foi até a casa de Marli no início da semana, mas não a encontrou. Ela teria então recebido o recado e deslocou-se até a delegacia. Chegando lá, acabou sendo presa, visto que já havia sido expedido seu mandado de prisão.

Já Esmênia foi presa em Pinhais, próximo ao meio dia da última terça-feira. Segundo os policiais, ela não reagiu à prisão e foi encaminhada à DP de Araucária.

Karine, no entanto, apresentou certa repreensão. Os policias estavam em frente a casa dela, no bairro Capela Velha. Quando ela saiu da residência e notou a presença das autoridades, retornou rapidamente para dentro da casa com seu marido. Por conta da reação, os policiais tiveram que usar de protocolo e arrombar a porta da casa.

Ela também foi detida e todas seguem em prisão preventiva, na carceragem local.

O QUE AS ACUSADAS DISSERAM

Marli Boçon disse que por cerca de três meses trabalhou com Esmênia. Quando havia algum problema, a colega de trabalho relatava a ela que o cliente tinha restrição no nome e que, ao invés de procurar a imobiliária para ressarcir o dinheiro, vinham à delegacia prestar queixa. “Vamos afirmar ao juiz que a Boçon não tem nada a ver com a Ruiz”, declarou, acrescentando que não há assinatura dela em nenhuma das propostas e que não conhece as pessoas que registraram os boletins de ocorrência.

Esmênia afirmou que não é golpista e que está trabalhando para devolver os sinais de negócio. “Depois que a imobiliária faliu, passei a trabalhar em uma frutaria e com a venda de roupas. Estou negociando com os clientes para devolver todo o dinheiro. Ninguém perderá nem mesmo um real”, disse.

Ela ainda afirmou que, se fosse golpista, não estaria mais na cidade, mas estaria com bens e longe daqui. “Hoje eu estou sem dinheiro e sem nenhum bem. Mas, como pagávamos comissão aos corretores, na hora de devolver os vendedores não tinham mais os valores”, contou. Esmênia declarou também que não deixou de responder nenhum cliente. “Respondi todos. Tenho as mensagens no celular, continuei negociando”, ressaltou.

Já Karine informou que apenas um sinal de negócio foi depositado em sua conta e que este valor foi repassado para a vendedora da casa. Sobre a declaração de um ex-funcionário da Ruiz, de que Esmênia e Karine ficavam por poucos minutos na loja para não encontrarem com clientes, a vendedora contou que deixava suas filhas na escola e por volta das 9h ia para a imobiliária, de onde só saia no fim do expediente. “Nunca fiquei fora da loja, nunca precisei me esconder de cliente”, apontou.

MAIS UMA VÍTIMA

Na manhã desta quarta-feira, 19 de setembro, mais uma vítima registrou boletim de ocorrência na DP local contra a imobiliária Ruiz. Ela relatou que perdeu R$ 32 mil.

“Me interessei por uma casa em um condomínio no Capela Velha, através de um anúncio da imobiliária no Facebook. Como o valor era bom, entrei em contato e comecei a fazer negócio com a Karine. Fiz alguns depósitos e outras vezes entreguei o dinheiro nas mãos dela. Ela até me acompanhou por duas vezes ao banco, porque não sei lidar muito bem com isso. Eu acabei contando com a boa fé dela e fiquei no prejuízo”, contou a vítima, que para garantir o imóvel que havia se interessado acabou vendendo móveis de sua casa para juntar o montante solicitado pela vendedora da Ruiz.

“Fiquei sem nada dentro de casa. Quando nos demos conta de que foi um golpe, ela ainda nos respondeu por algum tempo e depois sumiu”, relatou. A vítima concluiu dizendo que ficará satisfeita em saber que as supostas estelionatárias irão ficar atrás das grades. “Espero que elas não façam a outras pessoas o mal que me fizeram”, finalizou.

 

São presas suspeitas de estelionato através de imobiliárias
As imobiliárias Ruiz e Boçon ficavam no mesmo endereço. Foto: divulgação

Publicado na edição 1131 – 20/09/18

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