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Padre André Marmilicz: Há mais alegria em dar do que receber

Jesus conta a parábola do trabalhador que volta da lavoura, muito cansado, mas, mesmo assim, ainda é obrigado a fazer o jantar, enquanto o seu patrão fica sentado, curtindo a vida e, só depois ele poderá sentar, comer e beber. E, o pior, depois de ter feito tudo isso, só lhe resta dizer: ‘fui servo inútil, fiz o que deveria ter feito’. Como se tudo aquilo que ele fez, fosse algo obrigatório, sem nenhum merecimento, simplesmente, porque deveria fazer. A impressão que se tem é de um patrão duro, frio, rigoroso, que em nenhum momento valoriza ou elogia a ação do empregado. É como se tudo aquilo fosse apenas uma obrigação, e, nada mais. Vamos entender! O que será que Jesus quer nos ensinar com esta história?
Em primeiro lugar e, acima de tudo, nos quer ajudar a compreender, que estamos neste mundo para servir. A vida que não é colocada a serviço dos outros, simplesmente não tem razão de ser vivida. O próprio Jesus vai nos dizer: ‘eu vim para servir e não para ser servido’. Quem não compreende essa máxima da sua vida, não entendeu a razão da sua passagem nesta terra. Devemos estar sempre prontos para servir, mesmo quando estivermos cansados e esgotados. Essa atitude de total desprendimento, de abertura, de disponibilidade, é essencial para vivermos plenamente. E, depois de tudo realizado, não devemos nos gloriar do que fizemos, mas, reconhecer que fizemos o que deveríamos ter feito.
Em segundo lugar, Jesus quer nos alertar para algo fundamental no serviço: a gratuidade. Fazer as coisas sem esperar troca, recompensa, elogio, mas, movido por um desejo de ajudar e servir. Muitas pessoas apelam para o serviço, para fazer o bem, afirmando que é isso que ajudará na sua salvação. Como se Deus tivesse uma cadernetinha lá no céu, e, fosse anotando todas as nossas boas ações, e, no final, seríamos recompensados pelo bem que fizemos. Essa é a religião dos merecimentos, mas, não é a partir daí que seremos salvos ou condenados. A salvação será um dom de Deus, e, não consequência do bem que realizamos ou deixamos de realizar.


‘Servos inúteis’ não deve ser entendido como se não valêssemos nada, como se a nossa vida fosse sem sentido, sem importância ou sem valor. Muito pelo contrário, porque Deus espera de cada um de nós uma ação que coloque a serviço dos outros os inúmeros dons que ele nos concedeu. Mas isso não pode ser visto como um mérito pessoal, mas, como uma obrigação. O ser humano que se fecha em si mesmo, que só pensa nas suas vantagens, que é incapaz de ajudar alguém na gratuidade, não vive plenamente a sua vida.


Como peregrinos nesta terra, estamos todos de passagem por este mundo. Uns vivem mais, outros menos, mas, não importa o tempo dessa viagem, ela deve ser de doação, entrega e, de servos prontos para ajudar e se doar até as últimas consequências. Mas, isso não pode ser motivo para nos acharmos melhores do que os outros, e, nem mais merecedores do céu. Na medida em que servimos, saímos de nós mesmos, nos entregamos, nos sacrificamos, simplesmente vivemos aquilo ao qual vivemos a esse mundo: servir com amor, na gratuidade, sem esperar troca ou recompensa.

Servos inúteis

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