Ao longo da última semana, tão logo a Prefeitura e os sindicatos que representam o funcionalismo municipal, chegaram a um acordo que pôs fim à greve dos servidores, movimento cuja legalidade ainda estava sendo analisada pela Justiça, tive que ouvir pessoas de ambos os lados comemorando uma suposta vitória na queda de braço. Eu, enquanto cidadão araucariense, pertencente à massa que foi prejudicada pela greve, não tinha o que comemorar. Restou-me apenas observar, com certa incredulidade, a cara de pau dos que celebravam a falsa vitória.
Como bem disse o sábio Júlio Telesca Barbosa em seu artigo de sexta-feira, 20 de setembro, publicado aqui mesmo em O Popular do Paraná, a batalha travada entre sindicatos e Prefeitura, com os dois lados comemorando uma suposta vitória, faz lembrar mesmo a Guerra Pírrica, travada nos idos de 280 a.C, quando, após sangrentos confrontos, o exército de Pirro, que vencera a contenda, tinha pouco o que gargantear em virtude das incontáveis perdas de soldados sofridas no embate.
Aqui, não foi diferente. Os sindicatos deflagraram o movimento com uma série de exigência, sendo as duas principais o pagamento das progressões salariais e a reposição da inflação. A Prefeitura, por sua vez, argumentava que só poderia pagar as progressões quando houvesse disponibilidade financeira e a reposição no primeiro quadrimestre de 2014. Durante mais de dez dias, ouvimos a ladainha das entidades batendo de um lado e a ladainha do Município se defendendo do outro. Enquanto isso, a mãe que precisava de uma creche, o paciente que carecia de um atendimento e o aluno que necessitava estudar sem ter para quem apelar, sofriam no meio do embate.
Finalmente, após ataques mútuos, chegou-se a um acordo. E o que diz esse acordo? Que a reposição salarial será paga em fevereiro de 2014 e que as progressões começarão a serem quitadas em janeiro do ano que vem desde que haja disponibilidade financeira. Pra quem ainda não se atentou, fevereiro de 2014 está contido no primeiro quadrimestre e o pagamento das progressões ainda está atrelado à disponibilidade financeira. É muita balela! Por isso, em minha humilde opinião, ninguém tem o que comemorar. Os sindicatos porque não conseguiram nada que já não havia sido prometido e a Prefeitura porque não teve habilidade o suficiente para evitar a deflagração da greve. Ou seja, neste movimento, só houve derrotados: sindicatos, Prefeitura e, principalmente, a população.
É claro que algum sindicalista aí pode argumentar que a vitória foi a união demonstrada pelos servidores, o compromisso da Prefeitura em não descontar os dias não trabalhados e a promessa de que nenhum servidor será perseguido em razão da atuação no movimento. Tudo conversa fiada. Afinal, união em tempos de guerra é fácil, quero ver é manter essa união agora, em tempos de paz. Já quanto a comemorar o recebimento de dias não trabalhados, não considero isso algo digno, então não há o que se falar em vitória. Faço, no entanto, uma ressalva: essa crítica não se estende aos professores porque estes não se livraram da reposição das aulas. Ou seja, farão por merecer esses dias que não serão descontados.
Comentários são bem vindos. Até uma próxima semana!